Ademais, foi ajudante de bibliotecário em Soutelo e em Granada e, na casa Brotéria, o seu quarto era conhecido como um “cafarnaum de livros”, de onde o intelectual emergia (Padre Manuel Antunes, 1985, p. 18; Um pedagogo…, 2011, pp. 100-101;).

A partir da década de 1950, Antunes aplicou-se a três grandes funções: a docência, o sacerdócio e a escrita. De facto, uma parte da sua vida foi também absorvida pela participação na revista Brotéria. Em 1955, foi nomeado redator responsável pelas secções de crítica literária e de cultura, e dez anos depois, diretor, cargo que exerceu entre janeiro de 1965 e o final de 1982, com uma interrupção entre 1972-1975, provavelmente devido à forte pressão da censura, e talvez, como refere Mário Sottomayor Cardia, usando pseudónimo no cabeçalho (Idem, p. 245).

O primeiro artigo, publicado em 1940, “A poesia modernista de Orpheu a Altitude”, versava sobre autores polémicos como Mário de Sá Carneiro, Fernando Pessoa, Teixeira de Pascoaes ou José Régio. Desde 1963 começou a assinar maioritariamente sob pseudónimos, tendo sido contabilizados 124 nomes nos 410 artigos identificados. Esta estratégia permitiu-lhe “esconder-se aos olhos da generalidade dos leitores” ao mesmo tempo que concedia à revista “a aura de dispor de um vasto leque de colaboradores”, incidindo, ao longo de quase cinquenta anos, sobre temas tão diversos quanto a teologia, a filosofia, a estética, a política, as relações internacionais, a educação e a crítica literária (Biografia…, 2011, pp. 103-105; 243-270).

Colaborou ainda noutras publicações periódicas académicas. Entre 1963 e 1980, participou na redação da Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura (23 vols., 1963-1995), cessando a prestação no vigésimo volume. Redigiu cerca de duas centenas e meia de verbetes sobre uma variedade de temas, desde a teologia, a filosofia, a política, a literatura ou a cultura clássica. Assinala-se a publicação na Revista Portuguesa de Filosofia (Braga), muito intensa de 1950 até 1958 e mais tarde retomada em 1982, na Revista da Faculdade de Letras de Lisboa (1963) e na revista do Centro de Estudos Clássicos da mesma instituição, Euphrosyne (1959-1967) (Idem, pp. 271-280, 327-336).

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