Formalmente investido em 1952, notabilizou-se como crítico literário e historiador da literatura na Brotéria. Inovador nos temas e abordagens, permanece uma referência, em particular dos movimentos do modernismo e do surrealismo português, de que foi um dos primeiros e principais estudiosos (História crítica…, vol. 7, 409-ss; vol. 8, pp.73-ss, 311-ss; vol. 9, pp. 73-ss; História da literatura…, 1992, pp.1009-ss, 1957-ss). Divulgou a nova literatura portuguesa e europeia, concedendo um lugar à poesia e às revistas literárias de jovens artistas (Um pedagogo…, 2011, p.251).

Este interesse teve impacto metodológico, uma vez que enveredou pela sociologia dialética da literatura, adotando uma visão muito próxima de Lucien Goldman, que considerava a obra não como um ‘reflexo’ da sociedade ou do pensamento de um autor, mas como constituinte da estrutura mental de uma época. No ‘estruturalismo genético’, o autor singular ou a consciência coletiva são ultrapassados pelo ‘máximo de consciência possível’, o momento em que, através da reflexão conceptual ou da criação artística, o indivíduo – que pertence e se move entre diferentes grupos sociais – se exprime desde um ponto de vista unívoco; nas obras literárias pode assim encontrar-se uma expressão empiricamente verificável de um grupo social coeso. Este método estava sobretudo orientado para a análise de grandes obras literárias e Antunes usou-o explicitamente na análise de obras de vulto da cultura clássica.

Por fim, e como maior aproximação à historiografia strictu sensu, pode considerar-se um historiador sem obra, uma vez que o seu pensamento se desenvolveu in actu na Faculdade de Letras de Lisboa. Embora vários textos dispersos permitam restituir a sua ideia de história, apenas se identifica, neste âmbito, uma obra de vulto: a sebenta da disciplina de História da Cultura Clássica, onde, além de uma reflexão de teoria e filosofia da história, discutiu a origem, desenvolvimento e decadência das civilizações e da cultura grega e romana. Esta sebenta foi construída a partir de anotações das aulas, que circulavam pelo alunado, depois retomadas, corrigidas e aumentadas pelo professor, e por último editadas nos serviços de impressão da Faculdade. O documento marcou os cerca de quinze mil estudantes que passaram pelas suas aulas, desde 1958 até ao início da década de 1980.

1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | (Pdf)