Em 1964 rumava ao Brasil onde permaneceu até 1969 como professor titular na Universidade de São Paulo, por intercessão de Eurípedes Simões de Paula. Em São Paulo será posta à prova a sua vocação de professor, fazendo discípulos e amigos que guardaram bem viva a sua memória – homem convivial que era, ele próprio citará entre os colegas mais novos Fernando A. Novais, Boris Fausto e Carlos Guilherme Mota. Aí regeu História da Civilização Ibérica e História da Cultura Portuguesa. O homem cordial encontrava um meio favorável no Brasil, com reconhecimento do seu papel de docente e investigador pelos seus pares. Presença que deixou marcas: os seus pares puseram a uma das salas do departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas o nome de Sala Joaquim Barradas de Carvalho.

Embora sempre tolerante, o historiador bater-se-á com as armas de intelectual que são as suas: e é o ensino e a divulgação cultural, e mesmo os escritos de luta anti-fascista que faz publicar na imprensa brasileira (em especial no Estado de São Paulo e sobretudo no Portugal Democrático, jornal dos exilados, artigos de 1965-1969 que ficarão reunidos em O Obscurantismo Salazarista). Mas em 1969 o Brasil dos ditadores militares também se tornava terra pouco acolhedora para um exilado. Pelo que regressou a França. Finalmente depois do 25 de Abril de 1974 seria o retorno a Portugal, mas só em 1977 viria a ser contratado como professor catedrático convidado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Onde pouco ficaria, que a sua vida extinguiu-se poucos anos depois. Historiador e cidadão. As duas qualidades não se separam na sua personalidade e procurará intervir politicamente em favor da liberdade que lhe era negada.

JBC era um erudito por vocação e gosto. Tendo sido aluno na Faculdade de Letras de Lisboa de Vitorino Magalhães Godinho, credita-lhe tê-lo orientado no caminho da História e não da Filosofia que seria a sua primeira intenção. Não por acaso, como livrinho de estreia sai uma reflexão sobre técnica e história económica decerto do gosto do mestre. Onde já se pode ler: “As grandes viagens de descobrimento criaram uma mentalidade nova. A acção substitui-se a pouco e pouco à contemplação. Nos domínios do pensamento é o pensamento científico, com base experimental, que se vai impondo.” (As Invenções Técnicas…, [1943], p. 3).

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