À margem desse texto Duarte Pacheco Pereira foi tomando notas para o trabalho de redacção do Esmeraldo. Trabalho de JBC mais uma vez de erudição, a que junta dois documentos de importância: a carta a D. Manuel autógrafa de Duarte Pacheco e a carta de mestre João, escrita das paragens onde se encontrava no primeiro de Maio de 1500. E é já em 1974 que o Estado português publica esse escrito através do Centro de Estudos de Cartografia Antiga da Junta de Investigações Científicas do Ultramar, por mediação do Comandante Teixeira da Mota e do amigo fraterno Luís de Albuquerque.

Ainda no mesmo registo e procurando mostrar como há que investigar e escrever, publicou (de algum modo republicou) O renascimento português. Em busca da sua especificidade e As fontes de Duarte Pacheco Pereira no Esmeraldo de situ orbis (de que uma primeira versão já saíra em São Paulo na Revista de História) pondo assim à disposição dos estudiosos e estudantes matérias que na sua tese de Estado tinha desenvolvido. Mas que só mais tarde, e com acesso mais limitado, viria a ser conhecida. Destaca-se o enorme trabalho de exegese, de crítica minuciosa e atenta para não deixar nenhum pormenor sem explicação, confrontando a complexidade do Esmeraldo com as fontes de que o seu autor se terá servido. Fontes que submete a estudo “microanalítico”, embora não deixe de avisar que não se trata de “um mero jogo de erudição pela erudição.” Porque o que pretende é uma compreensão global do autor e da obra, para o que o estudo minucioso – “ultraminucioso mesmo” das fontes é indispensável. Para atingir o que é a “verdadeira pesquisa científica: um progresso, por mínimo que ele seja, no conhecimento do real” (As fontes…, pp. 15-16). Na enumeração e análise que apresenta, procura, ainda que sumariamente, enquadrar o autor e a obra no renascimento português que é, afinal o período que procura explicar. Obra complexa, em simultâneo um livro de história, ou melhor uma crónica, um roteiro de navegação e de reconhecimento de terras, um regimento de navegação, um livro de Geografia e de Cosmografia. Todavia, a utilização dessas fontes não apaga o que de original e observado – quando não experimentado – Duarte Pacheco Pereira regista no Esmeraldo. Porque nenhuma fonte segue à letra. Pelo que não apaga o que de original e observado – quando não experimentado – Duarte Pacheco Pereira regista no Esmeraldo.

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