David Lopes nasceu a 17 de abril de 1867, na aldeia da Moita Fundeira, freguesia do Nesperal, no concelho da Sertã. Era filho de José Amaral Lopes e de Inês de Melo. Com a sua irmã mais velha a residir em Lisboa, David Lopes deixou a sua aldeia natal para frequentar o Liceu Central de Lisboa (mais tarde designado de Passos Manuel), tendo terminado o curso em 1888. Tendo uma família que o apoiava em todo o seu percurso, o jovem estudante, uns anos mais tarde, dedicou a Chronica dos Reis de Bisnaga (1897) ao seu tio Simão José da Silva Lopes, “em testemunho de gratidão”.

Foi após ter saído do liceu que a sua vocação como historiador e arabista se definiu. No Boletim da Segunda Classe da Academia das Ciências de Lisboa, em os Árabes nas obras de Alexandre Herculano (1910), escreveu: “As páginas que se seguem são um preito de homenagem a Alexandre Herculano (...). O autor delas crê assim pagar ao grande historiador, pela melhor forma, uma dívida de gratidão: porque foi a leitura do Eurico, das Lendas e Narrativas e, principalmente, da História de Portugal que o levou ao estrangeiro a estudar a língua árabe”. Assim, de 1889 a 1892, David Lopes frequentou em Paris a École Nationale de Langues Orientales Vivantes, considerada a melhor escola de orientalismo e de investigação das línguas e das civilizações da Ásia e da África, onde leccionavam alguns famosos professores e que albergava uma rica biblioteca especializada. Frequentou, igualmente, a École Pratique des Hautes Études em Paris, conhecida como um lugar de excelência na investigação histórica e filológica. De facto, a estadia de David Lopes em França permitiu-lhe estudar o Árabe clássico e dialetal e ter contacto com as fontes e os métodos próprios do saber e inovação que na época se desenvolviam por toda a Europa. Datam de então as suas ligações com grandes vultos das ciências com que passou a contactar com regularidade, e muitos mantiveram-se próximos até ao fim da sua longa vida de estudioso.

Regressando a Portugal, matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1892, que concluiu três anos depois. Em 1896 ingressou no ensino liceal como professor de Francês no Liceu Central de Lisboa e, em 1901, no Curso Superior de Letras onde leccionou a disciplina de Língua e Literatura Francesa. Com a criação da Faculdade de Letras em 1911, foi nomeado professor da mesma disciplina onde vinha desenvolvendo intensa atividade docente até então, enquanto prosseguia o seu trabalho como historiador, filólogo e arabista. Em 1914, David Lopes passou a reger a cadeira de Língua Árabe em regime de acumulação, mantendo-se como professor de Língua e Literatura Francesa até ao ano lectivo de 1929-30.

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