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Perante o estudo do vocabulário de origem árabe, impunha-se adquirir sólidos conhecimentos históricos da permanência dos diversos povos que habitaram nas várias regiões. Mas, além da língua árabe, importava conhecer outras línguas e dialetos de populações que habitaram a península por períodos mais ou menos dilatados (como os berberes). Tornava-se imperioso perceber os fenómenos fonéticos que presidiam à aquisição do novo vocabulário ou a sua evolução sobre outra língua. Este contributo de David Lopes foi significativo em Portugal e amplamente reconhecido pela comunidade científica da época, permanecendo válido na quase totalidade dos étimos estudados. Em 1902, no artigo Toponymia arabe de Portugal, David Lopes escrevia: “Na toponymia arabe da Peninsula temos de considerar duas cathegorias de vocabulos: a) os vocabulos de origens varias, peninsulares, que passando pela fieira do arabe, por elle se hão de explicar; b) os vocabulos puramente arabes ou introduzidos pelos arabes”. As leis fonéticas definidas pelo autor contribuíram para explicar a origem de palavras como Faro, derivado do nome da família dos governadores locais, Ibn Harune. A grande originalidade e relevo da topo-antroponímia foi assumida por vários autores posteriores, como Pedro Cunha Serra, professor de Árabe na Faculdade de Letras de Lisboa e autor da tese de doutoramento Contribuição topo-antroponímica para o estudo do povoamento do noroeste peninsular, apresentada à Faculdade de Filosofia e Letras em Madrid e editada pelo Centro de Estudos Filológicos de Lisboa em 1967. Uma parte relevante da atividade científica de David Lopes respeita aos estudos históricos e filológicos sobre o norte de África e a presença dos portugueses em terras de Marrocos, sobretudo nos séculos XV a XVII. A primeira obra tem por título Textos em Aljamia portuguesa, Documentos para a Historia do domínio português em Safim extrahidos dos originais da Torre do Tombo (1897). A publicação integrou-se nas contribuições da Sociedade de Geografia de Lisboa no IV Centenário do Descobrimento da Índia, copiando os textos escritos em caracteres arábicos para português. Tal reveste-se de interesse histórico e filológico ao permitir o estudo de uma comunidade local ligada à atividade portuguesa e a fonética da sua expressão oral e escrita. Alguns anos depois, quando a Section historique du Maroc de Paris pretendeu fotografar esses manuscritos, verificou-se que a humidade tinha inutilizado a parte inferior dos fólios. David Lopes preparou ainda uma nova edição, com investigação mais alargada, esta sob o título Textos em Aljamia Portuguesa. Estudo filológico e histórico (1940). |
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