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A falta de continuidade do ensino do árabe foi ressentida na Faculdade de Letras e alvo de várias tentativas de restauro. A professora Virgínia Rau, como directora da Faculdade, contactou o eminente filólogo e arabista Arnald Steiger, autor da monumental Contribución a la fonética del Hispano-Árabe y de los arabismos en el Ibero-Románico y el Siciliano (1932) para o convidar a leccionar na faculdade, mas não foi possível conseguir essa nomeação. Foi o professor Pedro Cunha Serra quem assumiu a regência até à sua jubilação. A prof.ª Virgínia Rau conseguiu uma larga dotação da Fundação Calouste Gulbenkian para adquirir bibliografia específica e, com essa verba, o prof. Cunha Serra organizou uma excelente biblioteca que se encontra actualmente no Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos David Lopes da Faculdade de Letras de Lisboa. Ao percorrer o itinerário científico de David Lopes impõe-se sublinhar o vasto acervo das suas publicações, o cuidado da doutrina histórica, filológica e arabística, a variedade dos temas, o predomínio das fontes impressas e manuscritas, o rigor crítico das análises e das conclusões, bem como a modéstia e seriedade dos seus escritos (cf. supra a forma como tratou a não identificação de Ibn Mâjid com o piloto árabe de Vasco da Gama, ao invés da afirmação de al-Nahrawâlî e da assunção acrítica de Gabriel Ferrand). Se Ibn Mâjid não conduziu Vasco da Gama à Índia mas, pela sua grande obra de valor marítimo, ficou conhecido como o “leão dos mares”, também David Lopes merecia equivalente epíteto leonino pelo mérito da sua obra e rigor científico que procurou imprimir em todo o seu trabalho. David Lopes distinguiu-se como mestre na Faculdade de Letras de Lisboa, e os inúmeros discípulos fizeram questão de enaltecer o seu magistério. À semelhança do hábito existente nas escolas de ensino árabe e islâmico, como os “Banu Codera” em Espanha – que assim se referem ao mestre Francisco Codera y Zaidín (1836-1917), considerado o fundador da moderna escola de arabistas espanhóis –, em Portugal, inúmeros estudiosos seguiram David Lopes. Para citar alguns nomes, refiram-se Orlando Ribeiro, Fernando Castelo Branco, José Pedro Machado, Garcia Domingues, Juvenal Esteves, Lindley Cintra, Hernâni Cidade, Alberto Iria e Francisco José Velozo. Mas também figuram alguns estrangeiros que estiveram presentes no seu extenso epistolário, nomeadamente Miguel Asín Palacios e Louis Massignon. Asín Palacios (1871-1944) foi um padre católico que revelou o valor da doutrina islâmica em vários domínios da mística medieval europeia, em livros como La espiritualidad de Algazel y su sentido cristiano (4 vols., 1934-1941). |
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