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Esta publicação destinava-se à décima reunião do Congresso Internacional dos Orientalistas, organizada nesse ano pela Sociedade de Geografia de Lisboa. A obra foi preparada pelo autor ainda durante o curso de Árabe na École Nationale des Langues Orientales Vivantes no ano em que terminou o curso (1892). Afirmou David Lopes: “A maior parte do texto árabe foi revisto pelo nosso professor o senhor Hartwig Derenbourg” (Ibidem,p. 7). Apesar dessa ajuda, não hesitou em discordar do mestre em certa identificação (Ibidem, p. 80). A obra foi composta na Imprensa Nacional – órgão capaz de a editar em árabe –, seguindo os passos de Fr. João de Sousa e Fr. José de Santo António Moura. As extensas notas mostram a grande erudição e rigor crítico do então jovem arabista. A crónica era da autoria de Kutb ad- Dîn al-Nahrawâlî (c. 1571-1577), e nela o autor afirmava que Ibn Mâjid tinha sido o piloto que levara Vasco da Gama a partir de Melinde até à Índia. David Lopes comparou esta afirmação com a dos cronistas portugueses, e demonstrou a diferença existente nessas descrições (ibidem, p. 60), pelo que não aceitou essa identificação. O cuidado de David Lopes na interpretação de al-Nahrawâlî não foi seguido por um autor francês, Gabriel Ferrand, que publicou o livro Instructions nautiques et routiers arabes et portugais des XVe et XVIe siècles, em 3 volumes (1921-1923, 1925 e 1928), sendo os 2 primeiros a reprodução anastática de alguns textos de Ibn Mâjid. No prefácio ao primeiro volume, o autor revelou a sua intenção: “identifier l’Ibn Mâjid de nos textes au pilote arabe qui conduisit l’escadre portugaise de Vasco da Gama, de Malindi à Calicut en 1498. Le mu’allim arabe se trouve ainsi intimement associe à l’un des événements éminents de l’histoire de ces derniers siècles” (Ferrand, Instructions nautiques…,1921-23, p. II). O entusiasmo do autor francês por esta pretensa identificação não lhe permitiu reparar que na página seguinte escrevera algo que o obrigaria a reflectir sobre os roteiros de Ibn Mâjid que eram quase todos anteriores à viagem de Vasco da Gama. Refere Ferrand: “ces Instructions nautiques arabes apportent ainsi une contribution infiniment précieuse à l´histoire des navigations et commerce dans les mers du Sud, antérieurement à la venue de Vasco da Gama” (Ibidem, p. III). |
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