| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
A publicação da crónica suscitou grande interesse, em particular na Índia britânica e na Europa. Robert Sewell traduziu e publicou a obra sob o título Forgotten Empire (Vijayanagar). A contribution to the history of India (Londres, 1900). Outro historiador, Donald William Ferguson, assíduo correspondente de David Lopes, pôde auxiliar Sewell na tradução de alguns vocábulos portugueses (Machado, Cartas…, 1973, pp. 181-404). David Lopes não se eximia ao confronto com autores de cujas opiniões ou interpretações discordava, nem hesitava na crítica a traduções inexactas. Assim procedeu na História dos portugueses no Malabar por Zinadin. Manuscrito árabe do século XVI publicado e traduzido por David Lopes (1898). Aqui, David Lopes justifica o seu propósito, sublinhando o abandono quase completo dos estudos históricos em Portugal: “quero dizer história e não histórias (…) mas é necessário que se faça, não simplesmente narrativo, mas verdadeiramente crítico” (História dos portugueses no Malabar…, 1898). Na sua larga introdução de mais de cem páginas, estuda o comércio da Índia até ao século VIII (e deste século até ao XVI), a história do Malabar, os cristãos de S. Tomé, os judeus de Cochim e o domínio português dos escritores orientais. De seguida, informa que a obra de Zinadin, cujo nome significa “o ornamento da fé” (zîn ad-dîn) já fora traduzida para inglês por Rowlandson em 1833 a partir de dois manuscritos da época. David Lopes pôde comparar quatro manuscritos e fazer uma tradução nova, suprimindo as abundantes notas do tradutor inglês que considerou sem interesse ou erróneas. A obra foi impressa a expensas do IV Centenário do Descobrimento da Índia, Contribuições da Sociedade de Geografia de Lisboa. David Lopes tornou-se num grande admirador da obra de Alexandre Herculano desde os tempos de liceu, procurando estudar os diferentes textos árabes para poder esclarecer os aspetos menos conhecidos e os temas que suscitavam interesse. Do resultado do seu labor salientam-se as edições definitivas da História de Portugal (a 7ª) e de Eurico, o Presbítero, bem como as numerosas adições a estas obras. Além desse trabalho, estudou a influência árabe sobre a língua portuguesa e a extensa lista de topónimos cuja origem contribuiu para um maior esclarecimento. No seu trabalho Os árabes nas obras de Alexandre Herculano (1910, vol. III, p. 50), afirma: “São seis capítulos que rectificam alguns factos históricos, completam outros, e aclaram em todo o caso mais de um sucesso que os documentos da época, ou o desconhecimento da língua árabe, não permitiram elucidar: a sua memória não fica diminuída neste estudo, antes ele mostra que soube tirar das fontes conhecidas do seu tempo o que o historiador honesto e perspicaz podia encontrar nelas; e não admira que mais de cinquenta anos depois alguma coisa mais se possa dizer”. |
|||||||||||||