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Eça, Vicente Maria de Moura Coutinho de Almeida d’ | |||||||||||||
E dos três “heróis” dos Descobrimentos, Magalhães teria sido “o maior marinheiro” (Ibidem, pp.10-11). Não deixando de defender o heroísmo de algumas figuras, bem como as glórias alcançadas por Portugal, enquanto propicia aos seus alunos “quadros sinópticos e bibliográficos” e salienta o valor das cronologias, Almeida d’Eça atribui uma atenção crescente às questões técnicas, relacionadas com a navegação, a cartografia e os instrumentos náuticos. Numa visão fortemente positivista, dominante na sua época, valorizava o papel reservado aos documentos, aos diplomas manuscritos, às fontes primárias, que seriam peças fundamentais para desfazer erros e reconstituir os acontecimentos do passado. Porém, a falta de documentos não deveria levar à negação de factos, ideia já defendida pelo Visconde de Santarém (Viagens e Descobrimentos Marítimos, p.40). A ciência diplomática, que resgatava do pó dos arquivos os documentos com valor histórico e probatório, aparecia como o instrumento que verificava, retificava e certificava as datas, as asserções e análises, contribuindo para a compreensão das épocas passadas. Visando um público mais abrangente, Almeida d’Eça pensava não ser necessária essa validação científica (Ibidem, p. 42). À semelhança de Alexandre Herculano, que propusera ao historiador mobilizar todos os saberes auxiliares da investigação, notava que “os processos de escrever história modificaram-se para melhor; mas por isso mesmo tornou-se mais difícil escreve-la bem. Tem o historiador de ser hoje filólogo, etnologista, geógrafo, arqueólogo, economista e muito mais, e sobretudo sociólogo consumado, e principalmente se lhe exige que seja absolutamente imparcial, quase indiferente” (A Abertura dos Porto…, p.10). O professor da Escola Naval dava conta da inevitabilidade de convocar diferentes áreas do saber para a escrita da história, notando que ao historiador lhe era exigida plena imparcialidade. Por outro lado, ao valorizar uma educação nacional, com base na História, constatava que os leitores recusavam livros extensos e fatigantes. A seu ver, essa prolixidade, existente em algumas obras e autores, devia-se aos historiadores “impressionistas à Michelet”, que pintavam de cores garridos e efeitos brilhantes a narração dos factos. Quando o “assunto geral fosse História”, seria “tudo quanto existe ou tem existido”. Seguindo de perto um dos seus mestres de referência, Herculano, que concluíra que a “verdade histórica é só uma”, Almeida d’Eça defendia que a História poderia ser narrada com base nos acontecimentos que se sucederam até ao presente, e das causas que os determinaram, através dos “objetos materiais tanto do globo que habitamos como dos outros que observamos nos espaços ilimitados, das manifestações psicológicas ou artísticas da Humanidade, e até dos erros e enganos.” (História Marítima, Vol. 1, p. 3). |
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