Como o diria Marcel Bataillon, seu aluno e autor da necrologia publicada no Bulletin hispanique em 1954: "Le pays qu’il parcourut alors en tous sens, et dont il apprit à connaître les humbles, le passionna et le conquit" (Marcel Bataillon, “Nécrologie”.Bulletin hispanique, Paris, 1954, vol. LVI, n°1-2, p. 6).

Em inícios de 1919, Georges Le Gentil, casado e com dois filhos, instalou-se em Paris, depois de o universitário Ernest Martinenche, então titular da cátedra de espanhol na Sorbonne, o encarregar de um curso de língua e literatura portuguesa, uma novidade devida à iniciativa do governo de Portugal. Em 1922, Georges Le Gentil assume também o primeiro curso de literatura brasileira, inaugurado cem anos após a proclamação da Independência por parte do Império brasileiro. Em 1931, a Junta de Educação Nacional, órgão do governo de Portugal, financia também a criação de um “lectorat” a fim de apoiar Georges Le Gentil no seu trabalho docente. É naquela altura que se forma o primeiro núcleo de uma biblioteca de obras portuguesas e brasileiras na Sorbonne, cujo fundo foi enriquecido pelas doações do diplomata Marquês de Faria, além dos livros enviados pela Junta da Educação Nacional, instituição que apoiou os estudos portugueses em Paris. Orlando Ribeiro, que foi recrutado como lecteur de português antes de ser nomeado professor da Universidade de Lisboa, lembra-se da importância simbólica que adquiriu o Instituto de estudos portugueses e brasileiros da Sorbonne, fundado em 1935 e dirigido por Georges Le Gentil: "Com os recursos bibliográficos do Instituto português, das grandes bibliotecas de Paris, da sua livraria particular, e o concurso dos leitores de várias especialidades e orientações, o acanhado gabinete, anexo à sala onde dava os cursos, tornara-se pouco a pouco o primeiro centro de documentação portuguesa em França… ". (“Prefácio”, Mélanges d’études portugaises offerts à M. Georges Le Gentil, 1949, p. 4).

Em 1934 Georges Le Gentil é agraciado com o título de “Doutor honoris causa” pela Universidade de Coimbra, um ano antes de ascender ao grau de Professor catedrático na Sorbonne. Receberia também mais tarde o título de cavaleiro da Légion d’honneur (1950).

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