Além das aulas que deu na Sorbonne durante mais de 25 anos e das numerosas conferências pronunciadas a fim de difundir a literatura e a história de Portugal para um público maior, boa parte dos seus trabalhos foram publicados em periódicos, entre os quais deve-se mencionar a Revue latine, a Revue critique, a Revue de littérature comparée, a Revue de l’Amérique latine, O Instituto e Biblos, ambos de Coimbra. Mas é nas colunas do Bulletin hispanique, revista de referência dos estudos ibéricos no mundo académico francês, que publicou a maioria dos seus estudos. São entre 1899 e 1953 mais de 80 resenhas e artigos sobre assuntos relacionados com Portugal e, em menor medida, Brasil. Estes trabalhos dirigem-se prioritariamente a um público de docentes e estudantes universitários pouco familiar com as coisas de Portugal.

Assim sendo, Georges Le Gentil assume o papel de divulgador da actualidade intelectual e editorial de Portugal. Multiplica nos seus artigos as comparações entre Portugal e Espanha, a fim de sublinhar para um público leitor mais versado sobre as coisas da Espanha o “paralelismo óbvio” que muitas vezes existe na vida intelectual de ambos países, embora não deixe de resgatar a autonomia de cada um deles. Confere a série de artigos intitulada “Le mouvement intellectuel au Portugal”, publicadano Bulletin hispanique entre 1920 e 1944, na qual acompanha com muita atenção a renovação da tradição historiográfica portuguesa, ao saudar por exemplo a fundação da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos e da sua revista trimensal, a Revista de História (1912-1928). Aliás, ele elogia a importação de nova corrente histórica que pretende reagir contra a tradição da filologia e do positivismo representada durante muitos anos por Teófilo Braga em Portugal. Esta corrente encarnava-se na figura do director daquela Sociedade, Fidelino de Figueiredo, especialista de história literária cujas obras são elogiadas por parte de Georges Le Gentil: a referência ao esforço empreendido por Figueiredo em prol da modernização teórica e metodológica dos estudos literários ecoa com o próprio método de Georges Le Gentil, inspirado em Lanson.

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