| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
Em primeiro lugar importa lembrar a acção da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (existente entre 1987 e 2002), que projectou a imagem deste período histórico com grande pujança, tanto interna como externamente, compreendendo a realização de exposições, promoção de conferências, financiamento de projectos de investigação (este aspecto mais longe dos olhos do grande público) e editando ou apoiando um grande número de publicações, tanto científicas como de divulgação, inclusivamente com atenção especial para as camadas mais jovens, para a qual se direccionou o então criado Grupo de Trabalho do Ministério da Educação para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, de que foi co-responsável. Do âmbito destas comemorações um dos aspectos mais importantes da sua intervenção foi a criação da Mare Liberum. Revista de História dos Mares, uma revista publicada em formato inusual (A4) com o objetivo de possibilitar a edição de artigos que exigissem ilustração incompatível com a dimensão normal dos periódicos científicos, ou seja, sobretudo estudos de Cartografia e Náutica, também; a Mare Liberum foi até às extinção da CNCDP o órgão da Comissão Científica deste organismo, dirigida desde o início por Luís de Albuquerque (era complementada pela revista Oceanos, de vocação divulgativa). Uma aposta também na internacionalização, como o revela a panóplia de autores logo desde o número 1, e a recepção de textos em seis línguas (incluindo o alemão e o italiano), facto até então inédito nas revistas de História em Portugal. De alguma forma continuava-se o impulso de grande focagem e promoção da História e da Cultura Portuguesas na época dos Descobrimentos que já fora objeto da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura (1983), a qual se desenvolvera em torno de cinco núcleos, tendo sido Luís de Albuquerque o responsável pela exposição dos Jerónimos. Desta feita com maior visibilidade e impacto, a atenção do público encontrou o seu historiador de eleição, não só pela qualidade intrínseca dos seus escritos, como pelo facto de se debruçar sobre temas com muito pouca visibilidade, até dentro do meio profissional da História, como ainda pela capacidade expositiva de uma escrita elegante, escorreita e ao alcance de um público culto não especialista, por mais intrincado que fosse o assunto (o bom exemplo é precisamente a História da Náutica, matéria complexa mesmo para o leitor profissional), uma escrita que todavia não sacrificava em nada o rigor científico. A década de oitenta é bem o momento em que culmina um trabalho de grande projecção científica (que vinha desde os anos cinquenta) compaginado agora com uma importante vertente divulgativa. Em ambos os níveis dando razão a uma apreciação crítica de W. G. L. Randles: “For future scholars of the Renaissance period, he has raised nautical astronomy the status of an arcane subject to become an ‘incontornável’ core feature of the History of the Discoveries” (W G L Randles, “Luís de Albuquerque and the History of Nautical Science in Portugal”, 1998, p. 135). |
|||||||||||||