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A obra científica e literária de Luís de Albuquerque é mais vasta e diversificada do que poderia parecer: é como se tudo lhe tivesse interessado, tudo tivesse estudado e suscitado a sua atenção, contando-se na sua bibliografia mais de um milhar de títulos (Domingues, 1998) reflexo de uma atividade que se manifestou em quatro grandes planos. Conhece-se bem a obra do matemático, graças aos estudos de J. J. Dionísio, e ver-se-ão Graciliano de Oliveira, José Vitória, Natália Bebiano e Nazaré Mendes Lopes (todos professores do Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra), para compreender o caminho de Luís de Albuquerque na disciplina e a forma como nela inovou, nomeadamente pela sua responsabilidade no advento da Escola Portuguesa de Álgebra Linear. Logo desde as primeiras publicações científicas, Luís de Albuquerque foi paralelamente escrevendo sobre temas os mais diversos, desde a economia de Angola às potencialidades da energia nuclear, da crítica literária (sobretudo poesia) a notas e comentários sobre os mais diversos assuntos: um livro acabado de sair ou um congresso de engenheiros, o desporto e o olimpismo, o cinema ou os problemas do ensino primário. Adivinha-se uma curiosidade imensa e insaciável por todos os aspectos da realidade que o circundava, e uma vontade irresistível de intervir pela escrita: não por acaso se autodefiniu como grafómano. A grande maioria destes textos apareceram na revista Vértice, órgão quase oficioso do movimento do neorrealismo português, e que congregou parte importante dos intelectuais de Coimbra que se opunham ao regime vigente, entre os quais teve alguns dos seus amigos, como Egídio Namorado. Outros nomes de relevo das letras foram-lhe também próximos, como Vitorino Nemésio, visita frequente de casa, ou Vergílio Ferreira, que lhe deixou o manuscrito (inédito) do seu primeiro romance. A Vértice passou por dificuldades devido ao seu alinhamento político, com vários autores proibidos de assinar artigos com o seu nome, como aconteceu a Luís de Albuquerque, que usou cinco pseudónimos além dos artigos sem assinatura, para redigir por vezes números inteiros da revista entre os finais dos anos quarenta e inícios do decénio seguinte. É escusado procurar uma lógica fechada na utilização destes alter-egos, mas é visível que um deles (J. Sousa Mendes) foi preferido para versar temas culturais em geral, e históricos em particular. Em múltiplas ocasiões, artigos de jornal ou em outros meios de grande circulação anteciparam a publicação de textos mais extensos, ou divulgaram resultados já apresentados em artigos e livros científicos. Foi o caso sobretudo da série de artigos sobre temas vários das navegações portuguesas publicados no jornal O Comércio do Porto, mais tarde reunidos em livro (Crónicas de História de Portugal, 1987). |
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