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Sem prejuízo da grande valia dos estudos sobre os Descobrimentos em geral, com atenção particular às navegações quatrocentistas, e à extensa e consistente obra sobre os portugueses no Oriente no século XVI, particularmente relevante é, sem contestação, o conjunto dos estudos que dedicou à História da Náutica. William G. L. Randles foi autor de um magistral estudo crítico que é à vez uma ponderação da contribuição de Luís de Albuquerque e um balanço do que foram os principais passos da astronomia náutica em Portugal nos séculos XV e XVI. Estudo que terminou tudo dizendo numa frase: “For future scholars of the Renaissance period, he as raised nautical astronomy the status of an arcane ancilliary subject to become an “incontornável” core feature of the history of the Discoveries” (Luís de Albuquerque Historiador e Matemático, p. 142).Sumariamente, podemos dizer que a sua contribuição para esta matéria residiu em dois aspectos fundamentais: a publicação de fontes e a definição teórico-conceptual. Com a publicação de O Livro de Marinharia de André Pires, em 1963, é lançada a Série Memórias que pontificaria no conjunto de publicações da Junta de Investigações do Ultramar. Foi a primeira edição de um livro de marinharia feita por Luís de Albuquerque, seguindo o critério que se tornaria usual, o de baptizar o manuscrito com o nome de um piloto nele mencionado, mesmo sabendo-se que não é o autor, ou da instituição onde se guarda. Publicou também os de Manuel Álvares, João de Lisboa, Bernardo Fernandes, Pero Vaz Fragoso, Gaspar Moreira e Manuel Pimentel; ou seja, definiu o corpus documental da matéria, pois de fora ficaram apenas o manuscrito de Praga, publicado há poucos anos com um conjunto de estudos introdutórios, e um outro estante na Real Academia de la Historia de Madrid, que Albuquerque estudou profundamente num artigo publicado no Boletin da Academia e logo reimpresso nos Estudos de História. Num momento em que o jargão académico consagra as “redes” e os “programas” de investigação como forma privilegiada de organização do trabalho científico, cumpre reconhecer que no Agrupamento de Estudos de Cartografia Antiga, em Coimbra, ao longo das décadas de sessenta e setenta, tiveram lugar dois verdadeiros programas de investigação (sobre Cartografia e sobre Náutica históricas), que resultaram entre outras coisas nesta edição sistemática e sem paralelo na Europa da literatura técnica do Renascimento português. Tudo num ambiente do mais elevado nível de cosmopolitismo científico: a rede de contactos internacionais dos dois responsáveis do Agrupamento abrangia quem era quem nestes domínios, contando em particular com a colaboração próxima de nomes cimeiros como Reyer Hooykaas e W. G. L. Randles. |
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