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O interesse de Luís de Albuquerque pela História da Náutica derivou da conjunção de um convite de António José Saraiva para colaborar na sua História da Cultura em Portugal com um capítulo sobre “As navegações e as origens da mentalidade científica” (in A. J. Saraiva, História da Cultura em Portugal, vol. II, 1955, pp. 369-507), e com o facto de se ter encarregue da organização da biblioteca de Luciano Pereira da Silva (1864-1926), adquirida por Joaquim Bensaúde e entregue ao Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, onde aquele ilustre professor deixara marca também como historiador da Náutica. Seguramente que a sombra benéfica de Pereira da Silva influenciou o então jovem membro do Departamento, a quem relembraria também a imagem de um outro professor notável, e autor de obra historiográfica de grande relevo: Duarte Leite (1864-1950). O caminho estava apontado para a História da Náutica, mas importa não esquecer um outro capítulo em que a sua obra foi relevante para o tempo: a História da Educação. Mais uma vez, os trabalhos de Matemática vão a par da intervenção crítica, dos estudos sobre os Descobrimentos em geral, e de uma série de artigos sobre a educação em Portugal desde as reformas pombalinas até aos primeiros tempos do liberalismo, artigos que serão republicados em edição do Autor, e mais tarde, com acrescentos, como volume VI dos seus Estudos de História. Textos importantes para relançar a disciplina da História da Educação em Portugal, como Rui Grácio testemunhou. Luís de Albuquerque notabilizou-se essencialmente como historiador da Náutica, mas antes do início da série de publicações que o consagraria como o grande especialista da matéria, há-de-se relembrar a série de doze artigos da Vértice intitulados “Introdução à História dos Descobrimentos Portugueses” (1957-59), de que resultaria o livro homónimo publicado em 1959, reeditado em 1962. Esta Introdução foi aliás uma das obras que na viragem dos anos cinquenta para a década seguinte haveria de mudar profundamente a História da Expansão Portuguesa, a par de títulos de Duarte Leite, Vitorino Magalhães Godinho e José Sebastião da Silva Dias. Luís de Albuquerque deixou uma obra muito importante no domínio que a historiografia portuguesa chama de História dos Descobrimentos e da Expansão, que poderíamos titular também História das Navegações. Sessenta anos volvidos sobre a edição em livro, a citada Introdução continua a ser um livro de leitura obrigatória, mormente pelo seu momento inicial, quando pondera devidamente a geografia imaginária como motivação de algumas das primeiras navegações (o que algum outro livro sobre os primórdios dos Descobrimentos fará até hoje), e pela explicação dos métodos de navegação do Mediterrâneo, e decorrentemente sua inadequação para a navegação atlântica, ao contrário do muito que se escrevera a propósito. |
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