O livro privilegiou a compreensão do fracasso das rebeliões populares no Brasil do século XIX, razão pela qual a metade de suas páginas está destinada ao capítulo denominado “A revolução”. O capítulo aborda a revolução do Porto, a da independência do Brasil e três grandes insurreições que, entre 1831 e 1848, contaram com reconhecida participação e reivindicações populares: Cabanos, no Pará, Balaiada, no Maranhão, e a Praieira, em Pernambuco.

As causas das mudanças e das continuidades na vida política nacional e as perspectivas de transformação social radical das hierarquias e estruturas de poder estiveram na pauta dos debates que povoaram as décadas de 1930 e 1940, no Brasil, sob o impacto da revolução de 1930 e da ditadura do Estado Novo (1937-1945), ambas sob a liderança de Getúlio Vargas. As viagens ao interior de Minas Gerais, às cidades das antigas áreas de mineração, em 1941, permitiu-lhe avistar e registrar cenas de um passado que, nem tão remoto, era elucidativo do funcionamento da ordem econômica, social e política na colônia e no Império do Brasil. Eram paisagens urbanas e rurais, composição étnica da população, caminhos, técnicas de trabalho, edificações, transporte, alimentação, equipamentos e utensílios, valores culturais e comportamentos cotidianos, residuais ou desaparecidos em áreas recente e rapidamente urbanizadas como eram as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Caio Prado Júnior fez do registro fotográfico um instrumento de pesquisa e documentação nas atividades do geógrafo e do historiador, perpetuado em vários álbuns que organizou sobre as viagens de trabalho e de observações em campo. As edições recentes de seu livros têm possibilitado o acesso a parte desta documentação com a reprodução de conjuntos de fotografias que ele captou em diferentes momentos de atuação profissional. Os livros de viagens, diários políticos, coleções de recortes de jornais e revistas completavam a base de dados e informações, meticulosamente coletados, ordenados e armazenados, para fundamentar análises em livros e artigos, argumentos em conferencias e entrevistas, aguçar a imaginação na interpretação e na proposição de soluções concretas aos problemas e conflitos nacionais.

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