No volume da tese que apresentou sobre a política econômica brasileira, Caio Prado Júnior reafirmou os pressupostos de sua análise histórica como indicativo para as oportunidades que se abriam à reorganização da economia nacional no contexto do segundo pós-guerra, do esboroamento dos impérios coloniais europeus e de novos desafios para as jovens nações africanas, asiáticas e os países da América Latina, do espírito nacionalista que rondava a sociedade e a direção do Estado brasileiro. A confluência desses fatores requeria, por um lado, a compreensão das oportunidades de mudanças abertas na trajetória histórica e ao futuro da nação e, por outro, a definição de rumos e medidas para o seu impulso e efetivação baseadas na valorização do trabalho, no fortalecimento da produção e do consumo interno. Serão estas algumas das “diretrizes” buscadas na monografia para o concurso na Faculdade de Direito. Em Esboço dos fundamentos da teoria econômica, o autor aprecia criticamente as formas de organização da economia e as teorias econômicas que as concebem e explicam. O livro fechava o círculo de análises que envolvia a realidade empiricamente observada na geografia econômica regional e na história brasileira, a proposição de soluções pragmáticas à persistência de problemas ancorados no passado colonial e revigorados pela pujança do Imperialismo, o embasamento teórico que procurava sedimentar o diagnóstico formulado e as ações indutoras da mudança social no Brasil.

A compreensão da questão agrária também ocupou lugar de destaque em suas pesquisas e na reflexão política. A mobilização dos pobres, dos trabalhadores rurais e dos pequenos agricultores no Brasil tomou impulso após 1945. Na década seguinte emergiu como problema e conflito social aberto, com a organização sindical e de associações independentes, sobretudo nos estados do nordeste do país. Ali, arrendatários de parcelas de terra localizadas junto às grandes plantações de cana de açúcar sofreram a espoliação nas condições de vida, trabalho e direitos de permanência nas propriedades, e estavam submetidos a violentos confrontos, ao assassinatos de lideranças rurais, perseguições e repressão policial. A ação dos comunistas foi tímida e a posteriori ao movimento social. As formulações políticas da luta camponesa e da reforma agrária animaram os debates sobre a situação social no campo, a estrutura fundiária, o caráter das relações de trabalho, o lugar da pequena produção agrícola, a organização sindical e política, entre outros aspectos. A participação do autor nos debates resultou na publicação de cinco artigos entre março de 1960 e janeiro de 1964, na Revista Brasiliense, posteriormente agrupados em livro, em 1979.

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