Em 1947 concretiza a fundação da Livraria Victor em Braga (na rua dos Capelistas), mas é também o ano da primeira prisão, tendo-o a PIDE detido durante cerca de um mês no Porto, com Salgado Zenha e José Gabriel Bacelar. Outras detenções sucedem-se em 1949 e 1950, proibindo-lhe a actividade editorial, mas não evitando que a livraria se transforme num centro de intervenção política e cívica. Curiosamente nos “CV/Relatórios de Actividades”, que mais tarde apresentou na Faculdade para alguns concursos académicos, intitulava este período como “Fase de Animação Cultural”.

Hostilizado por conterrâneos adeptos do regime, com três filhos e alvo de apertado controlo por parte da Polícia Política, decide matricular-se no Curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras de Coimbra em 1952, como aluno voluntário. A década de 1950 é um bom exemplo da sua vida: empenhado em compreender a epistemologia do conhecimento histórico e as perspectivas multifacetadas do devir histórico; escrevendo o mais possível para divulgar o seu pensamento – Vértice, Seara Nova, Correio do Minho; preocupando-se com os problemas do livro e da leitura – lançando um inquérito sobre a situação das bibliotecas de Braga que depois estende a todo o País (resultando daqui o seu livro “As bibliotecas o público e a cultura: um inquérito necessário” – 1956); perseguido pela sua intervenção cívica e política com prisões em 1955 e 1958. A prisão neste último ano ocorre quando estava a concluir a sua licenciatura, adiando a sua conclusão para o ano seguinte, altura em que defende a tese sobre “Amorim Viana, a Vida e a Obra”. Este grau permite-lhe concorrer a um lugar de professor do ensino secundário, sendo nomeado para a Escola Comercial de Braga, mas nunca tomando posse devido à denúncia de um representante local da União Nacional. Impedido de lecionar (ao abrigo do Decreto nº 25 317, de 13 de Maio de 1935), aposta na sua actividade de livreiro e continua a escrever e a intervir revelando um elevado inconformismo e um grande espírito de luta. Essa postura custa-lhe mais duas prisões em 1960 e o encerramento da livraria. Em 1961 foi candidato a deputado por Braga nas eleições legislativas e em 1962 foi detido por sete meses e submetido a julgamento no Tribunal Plenário, tendo sido absolvido.

1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | (Pdf)