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Depois da preocupação inicial com a democratização da cultura e o acesso a uma bibliografia actualizada e diversificada – visível nas décadas de 1940 e 1950 e em particular na sua iniciativa da Biblioteca Móvel e de um conjunto de opúsculos numa colecção intitulada “Cultura e Acção” – dedica-se, a partir de 1961 à reflexão histórica desde logo exteriorizada no ensaio História e actualidade. Victor de Sá também contribuiu para que a Escola dos Annales chegasse à nossa historiografia contemporânea. Como nos diz José Tengarrinha numa intervenção num colóquio de homenagem em 2001, “ao contrário da historiografia oficial que procurava defender a castidade de Clio e que afastava os objectos de estudo tão longe quanto possível da actualidade, reduzindo o historiador ao puro erudito …Victor de Sá e os historiadores da sua geração procuraram preencher esse vazio, esse silêncio da historiografia portuguesa”. Surge assim como natural a incidência no século XIX e no Liberalismo, evidenciando a capacidade que o país teve de alcançar a liberdade, mesmo perante os condiconalismos internos e externos que iam num sentido diferente. Este enfoque era já visível em 1964 quando publica, na Colecção Portugália dirigida por Augusto da Costa Dias, Perspectivas do século XIX. Aliás esta colecção constituiu uma referência cultural, não só pela época em que surge como, sobretudo, pelos autores a que deu voz: Alexandre Cabral, Alberto Ferreira, Joel Serrão, César Nogueira, António Borges Coelho e J. S. Silva Dias, para além do director da colecção. A sua obra é uma referência pela forma como trata a primeira imprensa socialista em Portugal e como chama a atenção para a “Geração de 1852” (Amorim Viana, António Pedro Lopes de Mendonça, Sousa Brandão, Custódio José Vieira, entre outros). Aliás, o pensamento intemporal de alguns protagonistas sempre lhe mereceu uma particular atenção: de Mouzinho da Silveira a António Sérgio, de Ribeiro Sanches a Antero de Quental, procurou sempre descortinar o papel dos princípios, das ideias e dos valores nas mudanças históricas. A sua obra Liberais e Republicanos publicada em 1986, expressa bem esse sentido transversal, evolutivo e cíclico de algumas ideias semeadas que ficam á espera que o tempo e o espaço ajudem a fertilizar. A sua incontornável A Crise do Liberalismo e as primeiras manifestações das ideias socialistas em Portugal (1820-1852) é a melhor síntese de toda uma postura epistemológica e científica que procurará colocar ao serviço da sua docência. |
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