Não sendo historiador profissional, a sua obra inspirou uma visão historiográfica contra-revolucionária que, com nuances, mormente na visão da «aliança peninsular» e na correlata investigação empírica, iria vigorar ao longo do Estado Novo: poeta, panfletário, publicista, foi diretor do mais relevante órgão doutrinal (Nação Portuguesa, 1914-1938) do Integralismo Lusitano, do radicalismo monárquico e da reação antimoderna e antirrepublicana, durante os longos anos críticos da crise do Liberalismo e dos sistemas representativos que de certo modo anuncia a partir do fosso da I Guerra Mundial.

Assim, História e historiografia foram antes pretextos para o combate doutrinário e a vis argumentativa na qual AS abriu e em parte explorou superfícies mitemáticas que a historiografia nacionalista, em regra depois alinhada pela ditadura do Estado Novo, iria cultivar ao longo de mais de meio século. É, pois, neste sentido, o de núncio da ordem católica e tradicionalista que proclama a necessidade da radical revisão da história, e à luz da sua interpretação dogmática como ciência nacionalista, que se avaliza o excurso crítico pelo seu característico historicismo e a concepção historiográfica que o estrutura.

Convergente com as correntes estéticas finisseculares que na neurose do fim do século XIX proclamavam o fim do racionalismo, mormente simbolismo e psicologismo literários (P. Bourget, a invulgar difusão do romance russo, G. Le Bon e a Psicologia das multidões, evidenciando a irracionalidade das massas), que arguindo a secularização da República das Letras nutria a nostalgia do divino e a apostasia racionalista e, doutra parte, em particular, do ensaísmo historiográfico, organicismo e diagnose decadentista de um Oliveira Martins, AS reivindicou como original tese integralista uma espécie de visão pampsicologista da História (uma “visão interna”, cf. «Questões de História», Nação Portuguesa, II, n.º 5; 230-40; À sombra dos pórticos, 2ª 1961, 85) contra o espírito materialista e laicista do século XIX, cuja historiografia hegemónica fora, na sua leitura, “pervertida inteiramente pela mentalidade jacobina”, saldando-se numa “história de partido em que a visão secular da Pátria aparece diminuída e enxovalhada pelos preconceitos revolucionários de um século inteiro de ruína e morte” (Na feira dos mitos, 2ª, 1942; 37).

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