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SARMENTO, Francisco Martins de Gouveia de Morais | |||||||||||||
A este dado onomástico, junta um argumento arqueológico, a existência de elementos decorativos, tais como uma das formas de suástica, o tetráscelo, cuja presença na antiga Micenas lhe permite sugerir que alguns motivos decorativos que ocorrem na Pedra Formosa e nas portas de habitações de Briteiros denunciam uma relação cultural com o mundo micénico (“A Arte Micénica …”, 1899). Uma vertente não negligenciável da sua actividade científica tem que ver com a dimensão que revestem os seus trabalhos fotográficos, numa época em que o processo é raríssimo e caro. Martins Sarmento, muito aberto às novidades e entusiasmado com os elementos visíveis do progresso, torna-se um adepto da captura de imagens fotográficas, actividade que exigia também ela muito estudo e consideráveis recursos económicos. Como este último aspecto não constituía para ele uma dificuldade, legou-nos um conjunto notável de clichés e fotos que documentam especialmente os seus interesses científicos, não apenas no domínio da arqueologia, mas também da etnografia (E.Brito ed., Reimaginar Guimarães… 2012). No que à primeira diz respeito, pode sublinhar-se o papel fundamental que as imagens por ele captadas tiveram na investigação epigráfica. Tendo-se tornado um dos mais assíduos correspondentes de Emílio Hübner (Guerra, “Emílio Hübner e os arqueólogos Portugueses”…, 2014, pp. 226-228), que então elaborava o Supplementum do seu vol. II do Corpus Inscriptionum Latinarum, proporcionava-lhe com frequência fotografia das inscrições, instrumento fundamental de análise da documentação, superando desta forma muitas das limitações que os decalques mais ou menos rigorosos dos restantes correspondentes apresentavam. Se tivermos em conta que o próprio Hübner não dispunha desse dispendioso recurso e que só muitas décadas mais tarde se define o recurso à fotografia como componente essencial do estudo dos documentos epigráficos, podemos dizer que Sarmento foi um verdadeiro precursor nesta vertente da investigação. Ainda que esta vertente seja habitualmente mais esquecida, foi já devidamente assinalada e constitui seguramente uma das componentes mais proeminentes do seu espírito científico e “progressivo”. A sua afirmação perante a comunidade científica assentou, a par das suas publicações e das escavações em Briteiros e Sabroso, em três eventos. O primeiro consistiu numa conferência e visita à Citânia, organizadas por Martins Sarmento e Albano Belino, que se concretizou em 1877. Embora algumas das figuras relevantes não tenham respondido afirmativamente ao convite, o acontecimento teve algum impacto, especialmente no plano nacional. |
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