| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
SARMENTO, Francisco Martins de Gouveia de Morais | |||||||||||||
Uma outra realização semelhante decorreu no dia 8 de Outubro de 1880, no contexto da IX Sessão do Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas, que decorreu em Lisboa, tendo os participantes nesta reunião científica percorrido as ruínas da Citânia de Briteiros, guiados por Sarmento (Lemos, “A excursão ao Norte de Portugal…” 1988). Tendo em consideração que foi igualmente escolhido como um dos oradores portugueses nessa reunião académica, pode concluir-se que, na sua globalidade, este acontecimento foi um dos mais substanciais contributos para a sua projecção internacional. Enfim, nos inícios de Agosto de 1881 concretizou-se a Expedição Científica à Serra da Estrela, promovida pela Sociedade de Geografia de Lisboa e a secção de Arqueologia foi da responsabilidade do seu sócio n. 729, Martins Sarmento, o qual elaborou também o correspondente relatório (“Etnologia — Os Celtas…”, 1883). Dado o prestígio que essa agremiação tinha, a escolha do arqueólogo vimaranense para assumir essa responsabilidade diz bem do prestígio que tinha adquirido nesse domínio científico em fase de afirmação. Sarmento sempre foi um homem de “pensamento livre”, que prezava a originalidade das suas ideias, nem sempre fácil de enquadrar no contexto das grandes correntes do seu tempo. Mostra, todavia, conhecer os principais investigadores europeus no domínio da arqueologia, etnologia, linguística e até a antropologia física. Esta última vertente considerava-se fundamental para a caracterização das antigas populações, na sequência dos trabalhos de Broca, que bem conhece. Embora o peso da cultura francesa na Europa de então se fizesse sentir com especial força em Portugal, não é apenas a investigação com essa origem que se encontra mais reflectida na sua obra. Na linguística destaca-se D’Arbois de Jubainville, conhecido especialmente pelos seus estudos das línguas célticas e de etnologia (especialmente, Les premiers habitants de l’Europe), mas também se encontram referências ao suíço Adolphe Pictet e aos alemães Karl Brugmann e Otto Schrader a propósito das suas obras de linguística comparativa, para além de Humboldt. Nas questões de etnologia antiga, que assumem um especial relevo na sua obra, sobressaem referências às obras do barão de Belloguet (Dominique-François-Louis Roget, com o sugestivo título de Ethnogénie gauloise, ou Mémoires critiques sur l'origine et la parenté des Cimmériens, des Cimbres, des Ombres, des Belges, des Ligures et des anciens Celtes) e de Dieffenbach (Celtica; Origines Europae), mas as suas referências são muito diversificadas, estendendo-se especialmente a Amédée Thierry (Histoire des Gaulois), John Rhys (Celtic Britain), Henri-Guillaume Moke (La Belgique ancienne et ses origines gauloises, germaniques et franques) e Adolf Holtzmann (Kelten und Germanen), alguns destes provavelmente incluídos por Adolfo Coelho na lista dos “escritores de importância secundária” em que o vimaranense encontra apoio para as suas teorias. |
|||||||||||||