Esta obra pretendia não só atentar nos temas mais tradicionais da história como também trazer ao panorama historiográfico nacional a divulgação de resultados das investigações conduzidas por novas abordagens relativas à história portuguesa. Não deixa de surpreender que o seu nome, como o próprio admite, tenha sido escolhido para coordenar uma obra tão marcante da historiografia do séc. XX, que cristaliza os progressos que a historiografia ia fazendo nas últimas décadas mas, sobretudo, ponto de partida para uma nova história em Portugal. Congrega em seu redor um grande número de investigadores, dos quais se podem destacar Magalhães Godinho, Barradas de Carvalho (que chegou a ser indicado como coordenador do projecto com JS), António José Saraiva, Oliveira Marques, Borges de Macedo, Veríssimo Serrão, Torquato de Sousa Soares, Jorge Dias, Luís de Albuquerque, C.R. Boxer, Frédéric Mauro, Charles Verlinden, Orlando Ribeiro, Rómulo de Carvalho, etc.

Não menosprezando o extenso número de colaboradores – quase 140 –, que manifestam a grande adesão da comunidade historiográfica a este empreendimento, a colaboração de JS é bastante significativa, redigindo mais de 80 entradas, sobre os mais variados temas: «Alexandre Herculano», «Oliveira Martins», «historiografia – na época contemporânea», «Sampaio Bruno», «Antero de Quental», «Decadência», «burguesia – na época contemporânea», «povo – na época contemporânea», «emigração», etc. Joel Serrão tinha perfeita noção da sua «complexa evolução aparentemente saltitante» (Jornal de Letras, 31-01-1989, p. 19). “Aparentemente”, pois afirmava também: «os estudos parcelares […] fazem parte de um contexto sem o qual as coisas parcelares não têm sentido». Qual é então o contexto que torna a sua díspar obra compreensível à luz de um único fim? O que procurou construir em torno do estudo do século XIX português?

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