Luz Soriano nasceu no seio de uma família humilde. A mãe era criada de servir e o pai barbeiro. O pai abandonou-os e foi para o Brasil quando ele tinha apenas dois anos. A mãe foi deixá-lo a casa da avó, perto de Alcobaça.

Com as invasões francesas, Luz Soriano regressa a Lisboa para junto da mãe. Graças à intervenção de um tio religioso, entra na Casa Pia de Lisboa, em 1811. Em 1816, vai aprender o ofício de ourives. A sua vocação para os estudos leva-o a matricular-se, em 1823, no 1º ano da Academia Real da Marinha. Em 1825, consegue alcançar o objectivo máximo de um estudante pobre: obter o apoio financeiro necessário para poder ingressar na Universidade de Coimbra. O seu mecenas foi o Barão de Rendufe, intendente geral da Polícia. Matricula-se nas Faculdades de Matemática e de Filosofia, mas a agitação política que o país vive impede-o de se dedicar ao estudo.

No ano lectivo de 1827-28, tinha então 26 anos, alista-se como voluntário do corpo académico, participando na revolta anti-miguelista do Porto, em Maio de 1828. Com a derrota da insurreição, o exército, estudantes incluídos, foge para a Galiza, dirigido por Bernardo de Sá Nogueira, ficando instalados num depósito de madeiras navais em Plymouth. Passados meses, em Fevereiro de 1829, os jovens universitários e os restantes soldados são transferidos para a ilha Terceira, onde permanecem até Junho de 1832. Embarcam, finalmente, a caminho do Porto, cidade cercada pelas tropas miguelistas. Soriano pede para ser destacado para a Serra do Pilar, o local mais perigoso da defesa da cidade. Aqui passará algum tempo, até Sá Nogueira, ministro da marinha do governo de D. Pedro, o requisitar, em Dezembro de 1832, para trabalhar com ele, como “amanuense de primeira classe”.

Terminada a guerra, vai manter-se no ministério até 1837. Neste ano, regressa a Coimbra para se formar em Medicina, aproveitando o disposto na carta de lei de 20 de Outubro de 1834, segundo a qual se permitia aos estudantes da Universidade, que tivessem emigrado, concluírem a sua formatura a expensas do estado. Termina o curso em 1842, com 40 anos.

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