Soriano escreveu também vários artigos necrológicos, já que, atendendo à sua longa vida, viu morrer muitos amigos e conhecidos. Na sua breve passagem pela Câmara de Deputados, fez um discurso sobre a necessidade de ocupar rapidamente o porto de Ambriz no norte de Angola (12/7/1853), que suscitou a atenção pública, tendo tido uma tradução inglesa – no quadro das publicações do governo britânico acerca do tráfico de escravos - que muito orgulhou o escritor. O governo inglês foi sondado para não se opor à ocupação e esta deu-se, com sucesso, em Maio de 1855 (Revelações da Minha Vida…, pp. 431-432).

O historiador manifesta, em toda a sua obra, grande dificuldade em aceitar nas revoluções as inevitáveis rupturas com o passado histórico. Isso cria-lhe uma grande tensão, patente na sua narrativa, entre as suas convicções liberais, cimentadas na juventude, e às quais parece ter permanecido fiel ao longo da vida, e a realidade histórica do processo de implantação do regime liberal em Portugal, iniciado com a revolução de 1820 e concluído em 1834. Neste processo, condena o “desmantelamento geral das antigas instituições” (História da Guerra Civil… tomo XVII, p.366), na linha da crítica conservadora ao liberalismo. O escritor admite, até, não ter havido alternativa em 1820. Porém, os políticos vintistas foram longe de mais, apoiando-se na “populaça” contra “as vozes mais moderadas das Cortes”. Soriano desconfia, acima de tudo, da mentalidade revolucionária que acredita na necessidade da ruptura para construir uma sociedade nova. Enquanto um Herculano, um Garrett, um José Liberato olhavam para o passado com horror, perante os abusos cometidos pelo absolutismo, e consideravam indispensável a revolução deitar abaixo todas as estruturas do odioso regime, Soriano entende que o regime absoluto se tinha tornado, simplesmente, “incompatível com as luzes do século XIX e com o estado social da classe média” (História da Guerra Civil…, 1866-90, vol. XI, p. IX). Nada mais do que isso. A revolução, por seu lado, deveria ter procedido com cautela para evitar destruições desnecessárias. Aconteceu o contrário: a nova elite liberal demoliu a velha sociedade sem olhar para trás.

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