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Southey realizou excursões que possibilitaram a ampliação das suas redes de contatos. Em Coimbra, foi recebido por letrados que o familiarizaram com a cidade: “Nossas cartas foram para Francisco Soares Franco – um médico – e para o Professor de Botânica, Felix Avelar Brotero, dos quais experimentamos toda civilidade útil e alternativa. Eles guiaram-nos ao Jardim Botânico, ao Museu e à Prensa da Universidade [...]” (Idem [1800], p. 26). Em Beja, foi recebido pelo afamado Manoel do Cenáculo Vilas-Boas, Bispo naquela cidade, um homem “pequeno, alegre, de olhos grandes – um santinho com um cajado eles o chamam – amado e reconhecido evidentemente por todos em sua volta” (Idem [1801], pp. 38-39). Posteriormente à sua passagem por Beja, Southey enviou uma carta para o Bispo, escrita em português, o que comprova tanto a sua fluência na língua quanto a falta de acuidade ortográfica e gramatical (Idem[1801], p. 163). A boa recepção em meio aos letrados portugueses indica o interesse dos mesmos com relação à composição de uma história erudita e filosófica da nação. No âmbito da Academia Real de Ciências de Lisboa, fundada em 1779, esforços eram realizados na Classe de Literatura Portuguesa visando à composição de tal obra (T. Silva, Maquinações da Razão Discreta..., 2010). Para Southey, as demandas historiográficas dos acadêmicos em grande medida se aproximavam do seu projeto, o que o levou a reconhecer: “A Academia facilitou muito meu trabalho ao publicar muitas das suas antigas crônicas em um preço passível de compra, como também as leis de Portugal” (R. Southey, Journals of a Residence in Portugal 1800-1801..., 1960 [1801], p. 138). Tais elogios foram estendidos à Universidade de Coimbra, que também “agiu muito sabiamente” ao editar as “Ordenações de Afonso 5º” (Idem [1801], p. 119). Southey retornou a Portugal focado em se estabelecer como um homem de letras. Os seus ardores revolucionários se atenuaram com a sucessão de eventos na França. William Speck expõe como os seus posicionamentos políticos oscilaram durante o curso da Revolução, destacando tanto o seu repúdio à violência disseminada, quanto uma apreciação positiva da personalidade do jacobino Robespierre (1758-94) e do girondino Brissot (1754-93), o que o levou a lamentar as mortes de ambos (W. Speck, Robert Southey..., 2006, pp. 37, 46, 64). Em meio à desorientação que a Revolução trazia, seu ceticismo com relação ao presente se expandia e se o passado podia ser em alguma medida um refúgio para imaginação do poeta, a sua idealização estava igualmente vetada, tendo em vista as barbáries pretéritas (Idem, p. 73). Diante dessa complexa sensibilidade à temporalidade e oscilação de ajustamentos políticos, a ascensão de Napoleão foi o golpe fatal responsável por afastar Southey dos ideais revolucionários (Idem, p. 81). |
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