Anais da Academia Portuguesa da História, (1940-1989)
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A Academia Portuguesa da História (APH) nasce em 1936 reclamando continuidade com a Academia Real da História Portuguesa (ARHP), ambas partilhando a missão de promover investigação variada sobre o percurso de Portugal na História. Provindo da iniciativa estatal, esta nova instituição congregou eruditos de vários campos científicos a fim de produzir, apresentar e debater conhecimento histórico tendo em vista o enriquecimento da historiografia nacional. A Academia foi instalada na capital do país e, desde então até aos dias de hoje, tem vindo a realizar atos diversos de criação e divulgação científica, inicialmente na senda dos objetivos delineados no decreto-lei que fez nascer a instituição.
Acompanhando o advento do Estado Novo e a transição institucional que se operou nesse tempo, no contexto das vicissitudes de então, prosseguiu a prática de narrativas de teor nacionalista cujo foco de estudo se orientava para aspetos intimamente relacionados com alguns feitos de maior destaque na História de Portugal. Embora já existisse uma historiografia cujas metodologias e objetos de estudo eram direcionadas para determinados fatores nacionais, esta corrente historiográfica tradicionalista ganha uma nova ênfase no primeiro quartel do século XX com a desejada intenção de rever a História de Portugal que vinha sendo publicada (Sérgio Campos Matos, “Continuidades e rupturas historiográficas…” Historiografia e Res Publica, 2017, 141-158). Foi uma corrente que se conciliou com a tramitação política e, sobretudo, com os objetivos delineados pelo governo de Salazar. Aliás, ao considerarmos a defesa e valorização da cultura, do património e da história como baluartes do Estado Novo, pode afirmar-se, por isso mesmo, que a APH contava com uma participação indireta (por vezes direta) do Estado nas suas atividades: não só “renasceu” a partir da iniciativa governamental, como ficou sob a alçada do Ministério da Educação Nacional e com ele participou na celebração de determinadas efemérides – sobretudo na elaboração de trabalhos e artigos de interesse pátrio. A estes estudos imputava-se um cariz nacionalista e parcial, fosse pelo objetivo por detrás da sua composição ou pela escrita propriamente dita (por vezes anacrónica).