Anais da Academia Portuguesa da História, (1940-1989)
5 / 10
Se a Restauração fora o destaque da primeira série, a guerra da sucessão portuguesa travada entre 1383-85 é indubitavelmente o grande foco desta série. Note-se a multiplicidade de artigos elaborados em torno da figura do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, cuja aura mítica faz-se sentir de forma pujante decerto motivados pela magnificência atribuída a D. Nuno pelas crónicas, ou mesmo pelo movimento que tomou o seu nome na transição para o Estado Novo (Fernando Catroga, ibid., 1996, 574-76.). Entre estes, sobressaem “Nun’Álvares e a defesa de Portugal”, de William James Entwistle (1949), e “Defesa do sistema militar de Nun’Álvares Pereira”, de Belisário Pimenta (1968) (sendo também mencionado noutros que se relacionem com os seus feitos no decorrer da guerra de sucessão).
A Batalha de Aljubarrota e a situação sociopolítica que lhe é latente são apresentadas como momento crucial de viragem na História de Portugal, afirmando a independência portuguesa face ao Reino de Castela e prolongando uma mitificação já presente nas crónicas e em trabalhos de outros historiadores. Por isso mesmo, este episódio histórico é alvo de diversos estudos que consagram essa mitificação e tentam aprofundar assuntos a si associados: “Considerações tácticas sobre a Batalha de Aljubarrota”, de Gastão de Melo de Matos (1962), em que se questiona a disposição dos cavaleiros apeados e o avanço dos lanceiros, como é descrito nas crónicas da época; “Aspectos e problemas da crise de 1383”, de Fernando Castelo-Branco (1970); “Os casamentos de D. Pedro I e o auto das Cortes de 1385” e “A argumentação de João das Regras nas Cortes de Coimbra de 1385”, ambos de António Brásio (1961).