Anais da Academia Portuguesa da História, (1940-1989)
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Outros estudos sobressaem quando se tenta obter alguma diversidade temática, nomeadamente “História e municipalidade – novos conspectos”, de Alexandre de Lucena e Vale (1966), que estuda a relação entre o poder local e o poder central portugueses no decorrer dos séculos com base nos estudos de A. Herculano; o almirante Gago Coutinho apresenta estudos sobre a primeira viagem de Vasco da Gama à Índia e sobre as primeiras travessias atlânticas náuticas(1949); Joaquim Bensaúde (1946) e Eduardo do Couto Lupi (1949) debruçam-se sobre a figura de D. João II, este último sobre a relação do monarca com Cristóvão Colombo. Entre outros, embora estes exemplos sejam suficientes para indicar a amplitude analítica dos eruditos.
Em suma, é possível concluir que ambas as séries dos Anais possuem características simultaneamente divergentes e convergentes. Ambas têm o patrocínio do Estado no que toca à elaboração de trabalhos, e daí, a par com a ideologia então vigente, resulta uma marca de teor nacionalista que se exprime na seleção dos temas e nas terminologias adotadas. Apesar de a primeira série ser mais focada no duplo centenário da nacionalidade (e por isso mais restrita nos tópicos trabalhados), ressalve-se o enaltecimento da História de Portugal pretendido em junção com a situação política de então. O segundo ciclo também surge já contexto do pós-guerra, prolongando-se além do Estado Novo. A uma maior abrangência temporal corresponde o alargamento a temáticas que não se relacionavam com a efeméride da primeira série, complementando-a ao dar primazia a tópicos medievalistas e não só.