As referências às variadas geografias enunciadas são indicativas de um caminho de duplo sentido: por um lado, indiciam o alcance da Brotéria para lá das fronteiras nacionais, ao mesmo tempo que, por outro lado, recebia ofertas de autores e editores, entre outros, espanhóis, franceses, alemães e italianos, além de portugueses, identificadas na secção «Obras recebidas na Redacção». No seu conjunto, terão constituído um contributo relevante para a constituição da biblioteca da Brotéria, de acesso público desde 1995, e que compreende, para lá de um acervo de mais de 200 periódicos, um conjunto de monografias que rondará os 160.000.

É no quadro mais amplo da intervenção cultural abrangente, destinada a um público relativamente diferenciado, como se entrevê pelos custos de subscrição e se confirma pela solidez do conteúdo dos artigos, que a presença da historiografia nas páginas da Brotéria pode ser apreciada, articulando-se em torno de três eixos principais: o espaço dado a artigos de incidência historiográfica; a produção de historiadores da Companhia de Jesus, tanto portugueses quanto estrangeiros; o lugar primacial reservado à História da SJ, na sua relação com processos e protagonistas da História de Portugal e, de modo particular, da sua expansão ultramarina e respetivas consequências.

Quanto ao primeiro, não pode deixar de relevar-se o espaço que, enquanto revista de cultura, abriu à divulgação da historiografia e à sinalização de publicações desse âmbito, notório no segmento «Bibliografia» destinado a sinalizar publicações relevantes e nas recensões a obras de História ou com ela diretamente conexas, como são os exemplos de «Os Descobrimentos portugueses» de Jaime Cortesão, por Domingos Maurício, ou dos «Ensaios» de António Sérgio, por João Mendes. Essa presença da historiografia decorreu do paulatino alargamento temático da revista, anterior, por isso, à remodelação ocorrida em meados 1925: o primeiro número da «Série Cultural» dá continuidade à publicação de uma série de estudos de Luís Gonzaga de Azevedo agrupados sob o título genérico de «Idade Média» que surgem no índice desse ano no apartado «Ciências» em que a «História» surge separada da «Pré-História», onde se situam trabalhos dos âmbitos da paleologia e da arqueologia.

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