Este panorama torna dificilmente divisável um projeto estritamente historiográfico, bem como uma análise de um temário coerente e dos recursos analíticos discursivos mais relevantes: os temas, problemas e conceitos são variados, devendo-se mais à oportunidade dos debates – os centenários evocados, de variada natureza e cronologia ascendendo a perto de 200 na contabilização de João Francisco Marques no ano de 2002 – e à disponibilidade dos autores, seus interesses e especialidades, que a um plano prévio em que se integrassem. Essa característica explicará a presença relativamente residual da reflexão sobre a atividade historiográfica («A historiografia, como género literário»; «História da Historiografia»; «Horizontes da historiografia eclesiástica em Portugal (no centenário de Fortunato de Almeida)»).
O segundo eixo torna patente a Brotéria como um dos meios de divulgação da investigação historiográfica empreendida por historiadores jesuítas, portugueses e estrangeiros. Entre eles contam-se Francisco Rodrigues (1873 - 1956) e Domingos Maurício, Serafim Leite (1890-1969), Mário Martins (1908 - 1990), António Lopes (1926 - 2007) e Nuno da Silva Gonçalves (n. 1958)– tendo todos integrado a Academia Portuguesa da História. Esse leque teria de abrir-se a outros cuja produção intelectual não seja diretamente ou maioritariamente de natureza historiográfica, nem por isso deixaram de exercer influência nesse campo do saber ou refletir sobre ele. Tal seria o caso de Paulo Durão Alves (1893-1977), cuja atividade primordialmente filosófica não deixou de considerar a problemática historiográfica («Filosofia e História: o saber histórico: sua natureza e problemática», publicado na Revista Portuguesa de Filosofia que surgiu da autonomização da «Secção de Filosofia» da Brotéria editada entre 1945 e 1947) embora os seus trabalhos publicados na revista tenham incidido, em particular, no campo da literatura portuguesa contemporânea da primeira metade do século XX e, em particular, da recensão dos “escritores católicos”; e, sobretudo, de Manuel Antunes cuja influência intelectual extravasou em muito as páginas da revista, mas de cujo prestígio esta beneficiou.