No entanto, até meados da década de 1970, por opção pessoal devido ao difícil acesso a arquivos, ou devido aos condicionamentos políticos a que estavam sujeitos, os poucos historiadores da educação existentes ocuparam-se sobretudo de temas respeitantes às instituições educativas, ao ensino superior, às doutrinas pedagógicas, a biografias de pedagogos. Prosseguindo uma tendência que vinha desde o início do século, o passado das estruturas e ideias educativas portuguesas é contemplado como capítulos da história da cultura em obras coletivas de História de Portugal. Como escreveu Rogério Fernandes: “Uma última feição da historiografia portuguesa cumpre salientar neste período: é a tendência para não superar um descritivismo erudito em que os factos pedagógicos são reconstruídos com se tivessem sido produzidos num vácuo social” (História da Educação, História das Mentalidades,1988, p. 106). No início da mesma década, com caráter inovador, Joaquim Ferreira Gomes, Rafael Ávila de Azevedo e Fernando Castelo-Branco desenvolveram importantes estudos à margem das instituições onde eram professores, com recurso a fontes primárias até então inexploradas. Por outro lado, foram publicados alguns capítulos de âmbito longitudinal em histórias gerais de Portugal e histórias do movimento cultural. Contudo, estas propostas não tiveram continuação e a história da educação não conheceu uma viragem necessária. Foi também nos primeiros anos da década de 1970, que uma equipa do Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian (Alberto Ferreira, Áurea Adão, Fernando Castelo-Branco, José Salvado Sampaio, Rogério Fernandes, Rui Grácio) ensaia transformações relevantes no domínio da História da Educação, com o desenvolvimento de projetos focado em outras temáticas, o recurso a outros acervos documentais e, consequentemente, a outras fontes pesquisadas, novas abordagens mais problematizantes, procurando inserir os factos pedagógicos nos seus contextos sociais.