Após o estudo pioneiro em Psicologia Experimental, é a indagação crítica, especulativa e hermenêutica que o move, i. e., nas suas palavras, indo da “história de um pensamento que se procura”, para a qual irá mobilizar a) os grandes debates culturais e epistémicos europeus e amplos quadros de história da filosofia (Ensaio sobre a ética de Guyau), explorando b) a historicidade dos conceitos (O problema da recognição, 1928) não especificamente historiográficos mas filosóficos, psicológicos, na árdua contestação do fisiologismo, dum lado, e do difícil psicologismo ahistórico de Bergson, doutro.

Para mais, a SL se deve c) o primeiro esboço rigoroso da História da Psicologia em Portugal (1949) e d) a análise crítica estribada, recenseando historicamente a recepção (e a posição) do Positivismo entre nós. O anseio de explorar a intrínseca novidade das fendas epistémicas que o retorno às filosofias do sujeito possibilitava, irá conduzi-lo e) à abordagem da complexidade ensaística de matriz seareira e sergiana, em especial na antropologia e sociologia desportiva (Ensaios sobre o Desporto, 1937, Desporto, Jogo e Arte, 1938; Desportismo profissional. Desporto, trabalho e profissão, 1939) e, depois, na teorização do próprio ensaísmo (Serão luxos a Ciência e a Arte?, 1940), sobre o qual escreve a obra de referência, seguramente a essencial até à década de 1980 nas línguas ibéricas (Ensaio sobre a essência do ensaio, 1944; 2ª1964).

E será seu um dos melhores textos à época escritos, f) para se avaliar a plena laicização do ofício filosófico e historiográfico, no confronto com o freudiano sexualmonismus, criando ampla base histórica, teórica e empírica para estruturar a Antropologia e a Psicologia das religiões (O Amor místico, 1935) e até para se entender, na cronologia capital, a difícil secularização e a laicização dos intelectuais face à crescente e ubíqua reclericalização social e universitária, sob o a capa repressiva e antimoderna da ditadura e seu confessionalismo pragmático (Notas críticas, 1930; 2ª1931). Não admira que acuse, também no plano cívico da Oposição democrática, a visão autotélica e autista do Estado Novo (no corajoso cotejo com o avanço fascista na Europa) e, com R. Proença, desconstrua o panlogismo político, a politique d´abord conjugada nos mais díspares idiomas, como privativo dialecto totalitário (Quatro cartas sobre o Idealismo, 1936).

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