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b) Ora, o esclarecimento da sua posição epistémica prende-se já com a refutação da Psicologia experimental de índole positivista no quadro do cientismo dominante, da qual fora representante maior, em Coimbra, o ex-teólogo Alves dos Santos, director do Laboratório de Psicologia Experimental (desde1912) e credor de metodologias inscritas no horizonte da psicofisiologia associadas funcionalmente à pedagogia, numa posição insubsistente que exigia harmonizar num eclectismo de teor positivista, idealismo e empiro-criticismo. No longo estudo sobre a recognição, «mancha afectiva da memória», a tese doutoral orientada em Genebra (1928) por Éd. Claparède e H. Antipoff, dá notícia da estreiteza naturalista e denuncia a insuficiência da matriz sociologista e positivista do psicologismo, que atende mais à raiz metafísica e monista do género ou natureza humana, do que entende a funda novidade experimental e seus epílogos individuadores (em 1946 edita texto radicalmente inovador na bibliografia psico-sociológica, Normal, anormal e patológico). Concluirá pela inaptidão de quantificar o inquantificável, a liberdade de espírito, o anteriano facto de consciência, e daí concentrar a maior atenção pedagógica na investigação fenomenológica da intencionalidade dos actos conscientes (Max Scheler), como, mais tarde, em clara chancela compreensivista, em imediação a Jung e Jaspers, abordará teorias perceptivas da aprendizagem e os métodos globalísticos estruturais da Gestalt (Wertheimer, Köhler, Koffka). Como sintetiza, “o reconhecimento da heterogeneidade categorial do mecânico, do fiísico-químico, do biológico, do psíquico ou do anímico e do espiritual, não é para mim fruto de especulações incidentes sobre a face esfíngica da experiência; desconhecerei sempre (porque sou relativo, humano) o que sejam, onticamente, a matéria, a vida, a psique, o espírito” (OC, II, 2002, p. 1508). O esse é metahistórico. Sequela epistémica: impensável tratar o objecto historiográfico como coisa, se é constructo; daí refutar a ontologização ou regionalização ontológica da cultura portuguesa, de qualquer cultura, pois apenas a sua historicidade é apreensível. |
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