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Uma teoria da História: Na diagnose da produção historiográfica contemporânea, SL confrontava-se com um panorama epistemológico bloqueado por finalismos meta-históricos de três ordens: providencialismo, filosofias da história e sociologismo. O primeiro, “dogmático pano de fundo” duma heterónima antropologia inverificável, transcende a historicidade, i. e, o chão ôntico onde em simultâneo se dá a história e o ser, mais vincadamente, mesmo, nas versões nacionalistas e isolacionistas da mitogonia nacional; o segundo, originado no “naufrágio ou nulificação das fés confessionais” tendia a manifestar-se numa teodiceia ou numa religião laica, na versão hegeliana mesma oposta à Naturphilosophie, mero jogo lógico desenvolvido como “um silogismo ou uma equação” (OC, II, pp.1257-59). Por fim, ao subverter o aforismo de Durkheim (que reduzia a História a simples microscópio da Sociologia) e ao subsumir esta como microscópio da História, o mestre de Teoria da História, não omitindo a lição analógica mas ao arrepio de infundadas teses cíclicas, comparativistas, teleológicas, em voga no discurso historiográfico e antropológico desde 1880 à II Guerra Mundial (dos adeptos dos «modos de produção», às filosofias dialécticas da história de Marx, ao conceito de «primitivismo» de Tylor; aos apóstolos da tipologia das «civilizações» de Oliveira Martins e Toynbee) – ateve-se na afirmação da singularidade evanescente da res gestae, os eventos históricos (dos quais tinha, com Marc Bloch, entendimento muito lato), e da sua irrepetível singularidade que afasta a leitura de uma qualquer finalidade monótona (Idem, p. 1245). Ora, bem vistas as coisas, o real histórico (apesar de ausente) não deixa de constituir num real sociológico, mas o sociologismo postulava abusiva lógica radical da história, acrónica e exógena, que esta não comporta, quer se perspective como formas abstractas sem conteúdo (na mediação relativista de Simmel) quer como metafísica social que R. Aron denunciou na sacralização durkheimiana do Todo (Sílvio Lima, um místico da razão crítica (da incondicionalidade do amor intellectualis), 2009, p.555). |
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