![]() |
||||||||||||||
![]() |
![]() |
![]() |
||||||||||||
![]() |
||||||||||||||
| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | ||||||||||||||
![]() |
||||||||||||||
Em parte enquadrado na senda da obra que analisamos, há um outro texto de magnitude considerável a ter em conta, numa busca das linhas de força do seu pensamento histórico. A História da Sociedade seria dotada de um segundo volume intitulado O Rei. Contudo, Lobo vem a falecer antes de poder terminar a escrita, exceto do primeiro capítulo, que vem a ser publicado pelo seu testamenteiro – António Augusto Pereira de Miranda – nos Anais das Bibliotecas e Arquivos de Portugal , postumamente, entre 1915 e 1916. Costa Lobo faz uma análise bastante profunda da relação entre a sociedade quinhentista e o poder régio, num estudo de feição social mas assente em linhas políticas. A sua primeira premissa é a de dividir a sociedade/população através do conceito de três classes distinguidas pelos foros legais – povo, clero e nobreza – sendo que sobre elas orbitaria o poder real, dotado de uma omnipresença. Ao longo do ensaio, a sua definição de sociedade vai sendo aprimorada, sendo adicionadas corporações secundárias a essas grandes classes, como por exemplo as corporações concelhias ou as corporações de letrados. São essas várias bolhas sociais que são analisadas na sua relação com o poder real, através de um método comparativo entre dois pontos chave: o período visigótico e o século XV. Esta viagem dialética temporal corresponderia ao início e ao fim da ordenação sociopolítica medieval, no pensamento de Lobo. O período visigótico é compreendido como o berço de um poder real, que esboroa as instituições e o “estado” romanos, substituindo-os por um sistema em que o rei, chefe militar, é auxiliado pelo conselho, para dialogar com os diversos microcosmos sociais. Contudo, esse poder real vai-se sublimando e vai caminhando em direção ao absolutismo. Assim, no século XV, Portugal seria uma “monarquia limitada e representativa”, ainda assim herdeira de um conjunto de tradições visigodas e de uma Idade Média em que o poder real foi o promotor da ordem. Lobo defende também que “as forças externas que regem a sociedade são movidas por ideias e convicções morais”, o que aplica à ideia de que além das manifestações efetivas do poder real, haveria, no imaginário social, uma concepção ideal do que seriam as virtudes régias, compendiadas em Egídio (Lobo, António S.S.C, “O Rei”, 1915, pp. 98 e 90). Este estudo acaba por se concretizar num estudo de história social realizado, em parte, através da história institucional e com um método muito claro. Lobo apresenta os seus argumentos através de quatros passos: apresentação da premissa; dissecação ideológica; comparação das duas realidades. Estas duas obras podem ser entendidas a posteriori como as principais, de maior legado para a historiografia, dado o carácter meteórico e inovador da análise da história social e dado a sua extensão de texto e conteúdo sobre esses temas. |
||||||||||||||