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Além das obras eminentemente historiográficas, uma das obras literárias de Lobo é muito exemplificativa dos seus valores face ao ofício da história. Talvez influenciado pelo contacto com o espaço asiático através do manuscrito de Silveira, nutrirá uma enorme admiração pela figura de Afonso de Albuquerque. No drama Affonso de Albuquerque. Drama histórico em verso , de 1886, vai postular este governador como uma figura de altíssimo gabarito e dotado de um conjunto amplo de qualidades. Essa figura seria de tal forma imponente e despertadora de interesse que qualquer um a quereria ressuscitar e é através dessa premissa que Lobo argumenta que, no seu entender, a história é uma “investigadora rigorosa […], sujeita aos dictames da razão crítica, confrangida nos seus julgamentos pelos testemunhos da autoridade e dos diplomas” (Lobo, António S.S.C., Affonso de Albuquerque , 1886, p. X-XII). Nesse sentido, é a imaginação ou a ficção que podem ressuscitar trejeitos e valores, reconstituindo-os sem o compromisso com a verdade – sendo assim esta a génese da obra. Através deste pensamento podemos compreender a preocupação ética e erudita de Lobo para com o ofício de historiador, que pratica, e que dota de um cuidado com a justificação diplomática das narrativas construídas. É necessário compreender a obra literária acima debatida para partir para a pincelada de pormenor que Lobo confere aos seus estudos de história social, adicionando-lhes um tom de história das mentalidades. No estudo, de mediana escala, Origens do Sebastianismo. História e Prefiguração Dramática, Lobo afirma que a génese desse texto que se promete histórico advém da sua criatividade. Na juventude quisera escrever uma triologia dramática sobre Portugal entre o século XVI e a Restauração, sendo que Affonso de Albuquerque , que reconhece ter tido pouco sucesso, foi a primeira parte. Face ao amadurecimento que manifesta ter sofrido, propõe-se a estudar de maneira histórica esse vetor sociocultural que é o Sebastianismo. Depois caracteriza a revolução de 1640 como um “valeroso cometimento”, mas que pouco ou nada desperta na alma portuguesa. Isso dever-se-ia à “influição degenerativa” das Ordenações Filipinas e ao facto de, para Lobo, Portugal ainda não se ter por completo libertado da “opressão castelhana”. Esta contextualização serve como ponto de partida para discorrer sobre o Sebastianismo, uma feição portuguesa que caracteriza como um fenómeno mental, transversal socialmente. Define-o também como originado pela dita opressão castelhana e marcado como proveniente do “anhelo da liberdade” e como força motriz para 1640, pelo que deve ser estudado em pormenor nas suas origens (Lobo, António S.S.C., Origens do Sebastianismo, 1904, pp. 5-18.). |
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