![]() |
||||||||||||||
![]() |
![]() |
![]() |
||||||||||||
![]() |
||||||||||||||
| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | ||||||||||||||
![]() |
||||||||||||||
Este estudo de Lobo, como referimos, tem uma componente basal de história social, mas é coberto em larga medida por aquilo a que historiografia atual consideraria como história das mentalidades. Nesta sua obra podemos também atentar ao facto de que, de modo a tornar o seu estudo e o seu argumento mais blindados pela objetividade, cita historiadores estrangeiros, com quem concorda, mas que seriam imparciais nesta questão. Importa também compreender este estudo à luz da experiência política falhada do próprio Costa Lobo: encontra nos séculos XV e XVI um apogeu (expresso, por exemplo no “Rei” ou em “Affonso de Albuquerque”) e após esse ponto a degeneração, como é típico da Geração de 70 (Mattoso, José, “Prefácio”, p. XIX). Depois de compreende a obra de Lobo através dela mesma, ajudará compreender aquilo que a historiografia diz sobre ele e como pode ser, visto o seu perfil. Magalhães Godinho postula-o, principalmente por causa da História da Sociedade Portuguesa, como protutor de um primeiro panorama da sociedade portuguesa no século XV, assim como pioneiro nos estudos de história social (Godinho, “A Historiografia…Perpectivas”, 1971, p. 231). Na mesma linha, Oliveira Marques aponta também para o seu pioneirismo na história social (Marques , António, Antologia da Historiografia…, 1973, p. 53). É certo que o tempo em que Lobo escreve é marcado nos conteúdos e tópicos de abordagem historiográficos pela história institucional, política e militar, pelo que produzir uma ampla obra de história social como a sua é uma clara contra-corrente (Mendes, Jorge Amado, “Caminhos e Problemas…”, 1998, pp. 31 e 39). Além de questões eminentemente de conteúdo e de abordagem, deve também frisar-se a metodologia e a recorrente remissão à documentação pela qual Lobo prima, como atentamos. O século XIX é, desembocando no XX, marcado, historiograficamente, pelo processo da profissionalização dos historiadores. O conceito não é algo necessariamente hermético, sendo marcado por duas linhas essenciais como a formação universitária em história, que se exponencia ao longo da centúria, mas também pela aplicação de um ethos apropriado e definido pela busca da objetividade – como diria Ranke: wie es eigentlich gewesen . (Iggers, “The Professinalization…Historical Taught”, 2002, pp. 225-27). Com este binómio de critérios, não é fácil enquadrar Lobo hermeticamente como um profissional, dado que a sua formação é em Direito. Contudo, como demonstra em muitas das suas obras e como atentámos, tem uma evidente preocupação ética com a execução do seu ofício. Talvez o mais demonstrativo nessa intenção seja mesmo o prólogo de Affonso de Albuquerque, onde delimita os âmbitos de atuação da história. Contudo, essa sua ética de trabalho parece contratar com um comentário tenaz que tece em “O Campeão do Feminismo”: “Nestes nossos tempos de agitação feminista não será de interesse a ocorrência do facto que vamos referir?” (Lobo, António S.S.C., “Um Campeão do Feminismo…”, p.) |
||||||||||||||