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Soares, Mário Alberto Nobre Lopes | |||||||||||||
Nesta sua dissertação, Teófilo Braga é visto como um dos principais impulsionadores da renovação da nacionalidade, operando-se através de um republicanismo de “tradição vintista e patuleia”, e para atingir essa desejada renovação haveria que afirmar a democracia através de reformas administrativas descentralizadoras, tornando os municípios em precursores de repúblicas que culminariam num sistema parlamentar e federal. E a partir dessa preocupação com o municipalismo surge o anticlericalismo de Teófilo Braga, que via o Santo Ofício, numa perspectiva histórica, como um entrave ao poder local (Soares, Teófilo Braga – Tentativa de Determinação do Seu Pensamento Político, 1950, pp. 41 e 71). A luta contra a monarquia pressupunha uma luta contra a injustiça social e económica, impondo uma causa nacional para o efeito: só com os valores, acções, políticas e reformas republicanas seria possível «afirmar Portugal». Como diz Soares, Teófilo tinha um certo distanciamento para com a luta de classes, afirmando que o proletariado e a burguesia tinha a mesma origem e um destino semelhante, uma harmonia e nivelamento sociais assente na coabitação mútua na prossecução de objectivos nacionais – portanto, unitários (ibidem, p. 52). Mas também é interessante o facto de Mário Soares, no papel de historiador, reconhecer a subjectividade inerente ao escritor que se debate com uma preocupação constante em pugnar pela objectividade e a imparcialidade crítica. Há uma tentativa de libertação de “preconceitos ideológicos” que se faz acompanhar, neste tipo de trabalho, numa compilação de textos que se baseia em critérios pessoais, sendo algo “(…) portanto sempre discutível”. (ibidem, p. 10). Por vezes, o autor deixa entrever as suas convicções políticas. A propósito da I República, Soares declara que os homens desse regime haviam exercido uma visão de unidade nacional com clareza e patriotismo. Além de ser filho de uma figura republicana de relevo, Mário Soares já professava essa ideologia convictamente. As suas crenças políticas certamente terão tido impacto na escolha do tema e, de facto, o próprio reconhece que a escolha de estudar Teófilo deveu-se a este ter sido “o grande ‘teorizador’ do movimento republicano” onde o autor assentava uma parte das suas crenças políticas e sociais (Avillez, Soares. Ditadura e Revolução, 1996, p. 106). Ou seja, alguns temas abordados certamente terão tido motivações pessoais. |
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