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Soares, Mário Alberto Nobre Lopes | |||||||||||||
Para Oliveira Martins, o estudo do passado nacional seria uma das melhores formas de compreender o estado da sociedade sua contemporânea, agindo conforme essa realidade. Daí que algumas das suas obras de pendor histórico se debruçassem sobre um passado que lhe seria próximo. E de acordo com o autor, as influências (alemãs e francesas) que recebeu foram sempre recolhidas e interpretadas consoante o caso português, ajustando-as à “nossa decadência secular” (Soares, Oliveira Martins e o Fontismo: Monografia de História, 1951, pp. 51-2). O seu programa é apresentado como uma clara contraposição ao fontismo. A principal oposição que se delineia é o proteccionismo defendido por O. Martins versus o livre-cambismo, proteccionismo esse que o autor remete para um socialismo catedrático de estilo francês (Émile Laveleye), apontando a crítica à incapacidade governativa de fomentar a indústria nacional e o fraco retorno financeiro para Portugal (ibidem, pp. 59-62). Mas a monarquia é encarada como um meio para atingir um estádio de democratização nacional através do “fortalecimento do poder real e de uma ditadura tesa” em plena década de 1880, como se se tratasse de uma reforma que partisse de dentro do regime (ibidem, pp. 66 e 95). Soares pretende assim contribuir para a compreensão de algo mais vasto: as origens ideológicas que condicionaram a emergência da I República. Mas o estudo que fez sobre Oliveira Martins prolongou-se a outros meios. Na esteira desta sua dissertação, escreveu o artigo intitulado Nota sobre a actuação pública de Oliveira Martins na Vértice (1951) onde reproduz algumas das ideias que já foram expressas. Por exemplo, reafirma as “utopias de um vago socialismo catedrático”, e que “de socialismo (…) só tem o nome”. E reconhece que “A sua intervenção [de Oliveira Martins] na vida pública foi demasiado pensada, demasiado articulada à sua obra de historiador”, acentuando essa relação entre a política e o estudo do passado nacional (Soares, Nota sobre a actuação pública de Oliveira Martins, 1951, pp. 134-5). |
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