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Soares, Mário Alberto Nobre Lopes | |||||||||||||
Foi em França que leccionou como professor convidado nas universidades de Vincennes, Rennes e na Sorbonne, passando por cadeiras que abrangiam temas relacionados com o Portugal Contemporâneo – inclusive o Estado Novo. Também se inscreveu na Universidade de Clermont-Ferrand onde preparava uma tese de doutoramento sobre a presença de Portugal na Grande Guerra na perspectiva francesa e inglesa, passando também pela emergência da I República. O seu orientador foi Albert Silbert, contando ainda com o patrocínio de Vitorino Magalhães Godinho (“Carta de Mário Soares para Nuno Simões”, 11998.132, 10/02/1971). Porém, as investigações iam sendo feitas com sentidas dificuldades e em função da sua disponibilidade perante as actividades que exercia enquanto no exílio, sendo apenas interrompido pela revolução de 1974. Tentou obter uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, mas, não obstante as recomendações dos professores junto do processo, a Fundação recusou alegando que Soares não tinha “dado provas como investigador de História”. O próprio Soares sugere que houve envolvimento político no caso (Avillez, Soares…, 1996, p. 249). Mas chegou a usufruir de uma outra bolsa oriunda da Fundação Friedrich Ebert, o que complementava o seu rendimento enquanto professor e advogado (“Carta de Mário Soares para Dr. Grunwald”, 00665.001.065, 27/01/1971). Preparava também um livro a que chamaria História de Portugal do Séc. XX, procurando alguma influência na obra dirigida por Jean-Baptiste Duroselle, mas não há registo de que lhe tenha dado continuidade (“Carta de Mário Soares para Vitorino Magalhães Godinho”, 00530.072, 26/01/1974). Além do seu percurso académico em França, continuou a escrever e a dar entrevistas para a imprensa internacional, criticando o regime português num percurso político intenso na oposição ao Estado Novo. Entrou em contacto com múltiplos políticos e intelectuais europeus e americanos, fortalecendo relações e consolidando a sua própria ideologia socialista (Barreto, “Soares, Mário”, 2000, pp. 450-1). Em 1973, em Bad Münstereifel, na Alemanha, foi um dos fundadores do Partido Socialista e o seu primeiro secretário-geral, vindo a ter um papel de grande relevo na vida política portuguesa aquando da revolução de 25 de Abril de 1974. |
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