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Soares, Mário Alberto Nobre Lopes | |||||||||||||
Mário Soares faz um balanço da sua passagem pela Faculdade de Letras, mostrando-se bastante crítico na forma como alguns professores interferiam no percurso académico dos alunos com base nas diferenças ideológicas. A sua experiência pessoal é manifesta disto quando, em 1950, a propósito da defesa da sua primeira dissertação, houve uma hostilização por parte do Prof. Délio Nobre Santos, que acusava Soares devido às suas crenças políticas, resultando no abandono da sala por parte do candidato e no fim da defesa. Segue-se o envio de uma carta ao director da Faculdade a expor a situação e a manifestar o seu descontentamento para com a mesma, mas com nenhum efeito. É a partir daí que, com o patrocínio de Vitorino Magalhães Godinho, se irá proceder à publicação da dissertação sob o título As Ideias Políticas e Sociais de Teófilo Braga (1950), obtendo uma recepção considerável junto de alguns intelectuais da oposição ao regime. Homens como Mário de Azevedo Gomes, Mário Sacramento, Augusto Casimiro e Álvaro Salema, entre outros, reconheceram o esforço do autor em aprofundar o conhecimento de uma figura importante do republicanismo português e o seu pensamento perante questões pertinentes do seu tempo. Porventura a recepção deste livro junto de António Sérgio seja de maior destaque. O ensaísta, numa carta a Soares, revela que não valera o esforço em estudar Teófilo Braga e as suas ideias – embora Sérgio fosse suspeito, por ser adverso para com o histórico republicano em causa (Gomes e Leitão, “História de um Livro”, 2022, pp. 42-7 e 198-9). É no rescaldo desta polémica que surge a sua segunda e última dissertação, apresentada em 1951, intitulada Oliveira Martins e o Fontismo: Monografia de História e suspeitando-se que tenha existido alguma influência de Magalhães Godinho nessa escolha, visto ser uma figura pela qual nutria um forte interesse em estudar (ibidem, p. 203-4). Suscitando a problemática de compreender as realidades e mudanças económicas e sociais que viriam a influir sobre o republicanismo, a matéria consiste no paralelo entre as origens e a actuação do fontismo, por um lado, e a alternativa teorizada por Oliveira Martins, por outro. O estudo é inserido no seu contexto, referindo o autor que o principal problema do país foi a procura e subsequente incapacidade de atingir uma independência económica perante outras nações. |
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