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Inicialmente publicados em artigos separados, os estudos que compõem A infanta D. Maria de Portugal e as suas damas, 1521-1577 surgiram em volume em 1902. A sociedade onde o poeta Luís de Camões se movimenta foi mote para “analisar a pysque portuguesa nas suas exteriorizações femininas, traçar o perfil, contar a vida de damas ilustres” (A infanta D. Maria…, 1902, p.1). Nesta narrativa científica, o olhar de género pode ser entendido em três grandes desdobramentos. Permitiu suscitar uma maior veracidade do relato historiográfico e uma maior aproximação à verdade, uma vez que o ressaltar das personagens mulheres traz para primeiro plano uma série de relações interpessoais, que de outro modo não chegariam a ser contempladas, como a ligação D. Maria a Camões ou a prática dos serões reais literários. Solidificou também uma defesa da individuação, que envidou uma narrativa da personalidade, “Nota-se com desprazer a tendência de tudo uniformizar, levantando-as todas até altura tal que não é possível distinguir funções individuais” (ibidem, p.2). Finalmente, permitiu incorporar uma noção cada vez mais sofisticada e verosímil de psyque portuguesa. Procurava-se categorizar essa alma nacional por meio das suas complexas manifestações, e a diferenciação feminina seria uma extensão a não descurar. |
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