O mesmo espírito que esteve presente em tantas obras não deixou de marcar as sociedades culturais do seu tempo. Em 1877 tinha sido designada sócia honorária do Instituto de Línguas Vivas de Berlim. A Universidade de Friburgo foi a primeira a reconhecer-lhe o título de doutora honoris causa, replicado pela Universidade de Coimbra, em Filologia Românica e Germânica, e em 1923, pela Universidade de Hamburgo. Apesar da grande dedicação pela Rainha D. Amélia, correspondida com uma grande admiração, a monarquia portuguesa apenas depois de 1901 lhe concedeu a Ordem de São Tiago. Foi sobretudo agraciada pelos intelectuais republicanos, com a nomeação para a cadeira de Filologia Germânica a ocupar no Curso Superior de Letras, e logo com a aclamação na Universidade de Coimbra, desde o primeiro ano em que integrou o corpo docente (M.ª Manuela Dellile, Carolina Michaëlis de Vasconcelos…, 1985) – estranha ironia, como vinda da “metrópole da inteligência” (Lições… 1956, p.6).

C. M. de V. acabou por ser distinguida pela sua inteligência, erudição e obra feita num país onde para as mulheres “o saber é havido por coisa inútil e perigosa” (Movimento…, 2002, p.32). Em 1911, a Academia de Ciências de Lisboa honrou-a com o título de sócia da distinta academia, após um pleito travado sob argumento de se tratar de uma mulher. Publicou-se um número do Boletim de Segunda Classe, com vários testemunhos de homenagem prestados pelos seus amigos, amigas e pares. Aceitou ser presidenta honorária do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, fundado em 1914, apesar de não ter praticamente acompanhado os seus trabalhos mais activos, reunidos em Lisboa. Após a sua morte, sucederam-se homenagens, a primeira pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (1926), seguida do evento organizado pela Universidade de Coimbra (1930-1933), que reuniu um extenso número de colaboradores de toda a Europa que vieram render homenagem àquela que foi considerada a “mulher mais sábia do seu tempo”, na expressão do seu mestre camonista W. Storck. Seguiram-se outras homenagens: o batismo do liceu portuense com o nome da sua emérita habitante, actual Escola Secundária Carolina Michaëlis, a publicação de edições facsimile a partir dos anos 1980 a esta parte, a nomeação de ruas um pouco por todo o país, e recentemente a escolha de uma estação do metropolitano do Porto.

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