O método de trabalho que no seu território de origem era aprendido de berço e reforçado na escola, parecia inteiramente faltar no país de adopção. Deixou-nos um retrato comparativo nos artigos publicados acerca da Cartilha Maternal (A Cartilha Portuguesa… 1976), exemplo dos seus procedimentos enquanto comparatista. Em todo e qualquer estudo assinado por C. M. de V., e sobre qualquer que seja o suporte documental, verifica-se sempre o cruzamento entre as dimensões vertical e horizontal – por exemplo, elucidar as circunstâncias anteriores à realização do documento e estabelecer uma comparação entre os documentos coevos, tornando relevantes caso a caso e no seu conjunto as características distintivas. Tomados em conjunto formam uma metodologia, dentro da grande escola positivista encabeçada por Leopold Von Ranke.

Destaca-se ainda a prática de publicação parcial dos trabalhos em curso, que disponibilizados à comunidade científica podiam desde logo ser sujeitos a crítica. As revistas periódicas e a prática da correspondência são parte integrante deste sistema que nos finais do século XIX e inícios do século XX permitia a livre circulação de ideias e de livros. A própria realizava constantemente este exercício de crítica de trabalhos alheios. É assim que encontramos, em vida da autora, a publicação e reedição de obras, muitas vezes para se retratar de conclusões parciais publicadas por si. Um bom exemplo desse constante reflexo encontra-se nas críticas ao seu trabalho anterior, expostas no conjunto de “Estudos sobre o romanceiro peninsular” publicado de 1907 a 1909 na Cultura Española (Romances Velhos em Portugal, 1934).

O seu credo de educação protestante, substancialmente dominado pelo racionalismo levou a que em 1876 afirmasse, “o que fazemos é unicamente demonstrar que a ciência, a qual constituímos juiz de todas as suas ideias, não pode nem deve construir … sem base absolutamente segura; não pode nem deve atender às intenções, ainda as mais filantrópicas, quando elas comprometem os seus princípios” (A Cartilha Portuguesa…, 1976, p.80). Não deixou testemunhos sobre a sua fé, senão que foi depurada até uma “religiosidade natural” expressa na escrita de Uriel da Costa (1922) .

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