Logo em 1928 sai em Inglês A Sketch of the History of Portugal, em tradução de Constantino José dos Santos sobre o Bosquejo de 1923. Segue-se em 1929, em tradução castelhana, a Historia de Portugal na Editora Labor, de Barcelona. Também na sua quase totalidade, segue muito de perto o mesmo texto. O que mostra que as ideias principais, bem como o seu desenvolvimento e articulação se encontravam anteriormente definidos. Será como que o ponto de chegada destes anos primeiros de um labor permanente em prol das reformas em Portugal. Em que a história ocupa um posição central, como instrumento intelectual de actuação sobre a sociedade. História porém – para Sérgio – sem investigação de arquivo – mera reflexão sobre assuntos que à história investigativa depreciativamente ficavam entregues. E muitas vezes dita apenas de erudição arquivística.

Todavia, as páginas ensaísticas e as polémicas irão ter bons efeitos. Sabe-se que desde logo estimularam João Lúcio de Azevedo (1845-1933) a empreender as suas Épocas de Portugal económico. Esboços de História (1929).

Sérgio, não sendo historiador, nunca abandonou a escrita de história. Nem desistiu daquilo a que chamou a aplicação do método racionalista. Em 1941, intentou publicar uma História de Portugal, tendo saído ainda o tomo I, que subintitulou de Introdução geográfica. Porém, logo acorreu pressurosa a polícia política a retirá-la do mercado — eufemismo oficial para expressar que a censura lhe tinha proibido a venda. E não faltaram as críticas. Mais uma vez, Sérgio teve que polemizar. A questão pôs-se por causa da designação de monarquia agrária dada à primeira época da nossa história. Seria este um dos cavalos de batalha para Sérgio combater. Tratava-se de convencer os leitores de que tinha sido a pesca e o sal a desencadear a principal actividade comercial marítima no território português – e não os produtos agrícolas que tinham determinado que os burgueses dos portos se dedicassem às transacções com as demais regiões da Europa. A pesca e o sal deviam assim tomar um relevo indispensável nas explicações do passado português. Por essas actividades Portugal “avultava” no comércio internacional – escrevia Sérgio. Mas a ideologia oficial e dominante, centrada em Portugal como um país essencialmente rural, queria desmentir essa realidade, que era a do comércio dos produtos do litoral marítimo, que lhe traçou o destino colectivo. A designação de monarquia agrária dada aos séculos XII a XIV que Lúcio de Azevedo cunhara tornara-se como que oficial.

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