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Varnhagen é, acima de tudo, autor de uma obra imensa, que, embora a partir de certo momento privilegie a história, atravessa vários domínios, da literatura brasileira e portuguesa à crítica literária, passando pela biografia, pela etnologia, pela política e diplomacia, pela economia, pelo patrimônio arquitetônico, sobretudo o de Portugal, e mesmo pela filologia. Vários campos de saber escritos (em diversos idiomas) aproximadamente todos da mesma maneira: sem estilo, nem elegância. É quase um consenso que Varnhagen não é um bom escritor. Nem de história, nem de gênero algum. Ele vive, nesse caso, o dilema oposto a Michelet, que foi acusado, recorda-nos Roland Barthes, de ser um mau historiador porque escrevia, no lugar de simplesmente redigir. Já Varnhagen não escrevia, redigia. Essa crítica decorre antes de uma importante aporia da cultura histórica do século XIX e início do século XX, cuja origem talvez remonte ao princípio aristotélico da superioridade da poesia em relação à história, do que propriamente de uma orientação teórica de como ela deveria ser escrita. Assim, do mesmo modo que o IHGB, freqüentado por literatos em profusão, é um palco onde se manifestam as indefinições entre a moderna narrativa, científica, neutra e objetiva, e a narrativa literária, sujeita sempre às injunções da subjetividade do autor, também nas obras de Alexandre Herculano, Almeida Garret, Oliveira Lima e Tristão de Araripe, ou mesmo de Capistrano de Abreu, ou ainda de José Veríssimo, que, por mais que tentem sair dele, ainda respiram no mesmo regime de historicidade de Varnhagen, a questão não esta definida e o bom e velho estilo ainda é um atributo importante. |
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