O desinteresse do público levou ao encerramento da revista ao fim de um ano de publicação quinzenal regular. Quanto aos conteúdos, a maior parte inseriu-se ao amplo domínio que os editores designaram como “sociologia”, em que incluíram arqueologia, história, viagens, mitologia, religiões e tradições populares, linguística (linguagem popular portuguesa e subdialetos do Galego), filosofia, economia política, bibliografia e biografias.

Numa primeira fase, Leite interessou-se simultaneamente pela arqueologia e pela dialectologia, recolhendo em ambas as áreas contributos para a caracterização etnográfica do povo português. A cultura popular era tradicionalmente estudada a partir de testemunhos literários (cancioneiros, romanceiros, contos), mas Leite distinguiu-se pela valorização da recolha direta de dados juntos das populações. Iniciou relações com professores do Curso Superior de Letras, também motivados por questões etnográficas, mas sob focos diferentes: Adolfo Coelho (antropologia, linguística e pedagogia) e Teófilo Braga (filologia e história literária). Dedicou especial atenção ao problema da identidade nacional, partindo das teses lusitanistas de Martins Sarmento - com quem trocou assídua correspondência sobre temas de etnografia e arqueologia - mas desenvolvendo um pensamento autónomo, visível em aspetos como a recusa da tese de que os Lusitanos eram Lígures (cf. Religiões da Lusitânia, 1905, II, 53).

Em 1882 participou em excursões arqueológicas com Martins Sarmento e iniciou a publicação de trabalhos etnográficos, assinados como aluno da Escola Médica do Porto. Em Tradições populares de Portugal (1882, pp. IX-X) estabeleceu princípios metodológicos: sem primeiro ter interrogado o povo, o historiador não pode conhecer o seu país; por sua vez, o linguista deve estudar as tradições populares para encontrar os processos naturais e as formas arcaicas e dialectais da linguagem. Entusiasmado pelos estudos linguísticos, em 1883 ponderou desistir do curso de Medicina. Redigiu e publicou O dialecto mirandês (1883) a partir de dados recolhidos por entrevistas a um falante. Este trabalho original, que revelou à comunidade científica uma língua que até então não tinha sido descrita, foi premiado pela Société des Langues Romanes conferiu-lhe um imediato reconhecimento internacional.

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