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A Revista Lusitana e O Arqueólogo Português contribuíram não apenas para a afirmação em Portugal das respetivas áreas disciplinares, mas sobretudo para a internacionalização de cientistas portugueses, através de uma rede de permutas e ofertas que Leite construiu meticulosamente. A Revista Lusitana foi regularmente publicada entre 1887 e 1941, perfazendo 38 volumes. No plano editorial, publicado no primeiro número, Leite defendeu uma correlação dos estudos etnográficos e linguísticos: a filologia é indispensável para a compreensão da gramática e da faculdade da linguagem; a etnologia é essencial para a compreensão para factos da literatura e da história. Como exemplo de diretrizes científicas, a revista abriu com um estudo de Adolfo Coelho, que analisa dados linguísticos, recolhidos em trabalhos de campo, para sustentar conclusões de natureza histórica. Um índice analítico do conjunto de volumes revela a preponderância de trabalhos da área da etnografia (literatura popular, superstições, contos, tradições, adágios) e temas mais propriamente linguísticos (recolhas lexicais, onomástica, fonética e história da línguas), sem que as fronteiras disciplinares sejam muito estritas. Nessa faixa cabem justamente os numerosos trabalhos de dialectologia, em que as recolhas de dados estão ao serviço da caracterização etnográfica dos falantes. Deve ainda referir-se a publicação de edições de textos antigos com rigor filológico e, com muito menor expressão, de estudos de literatura. A demonstração de que a revista refletia as áreas de investigação de Leite de Vasconcelos é o facto de ele próprio ter contribuído com a maioria dos artigos em quase todos os temas atrás referidos, com exceção dos estudos literários. Entre os mais assíduos colaboradores encontram-se Pedro de Azevedo, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, José Joaquim Nunes e Cláudio Basto. Houve colaborações pontuais de filólogos estrangeiros como Jules Cornu, Leo Spitzer, Wilhelm Meyer-Lübke, Wilhelm Storck ou Max Leopold Wagner. |
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